Um bate-boca entre motoristas do Uber e taxistas na madrugada do último sábado em Caxias do Sul foi parar na Polícia Civil e aumentou a tensão entre as duas categorias. Um grupo de taxistas acusa um concorrente de sacar uma arma durante a discussão, ocorrida no Largo da Estação Férrea, ponto de maior movimento noturno da cidade. A ocorrência foi registrada e será investigada.
Desde que começou a operar em Caxias, em 28 de novembro do ano passado, o Uber enfrenta resistência e já acumula um pequeno histórico de confusões nas ruas com os táxis. Pelo menos até março, não há nenhum indicativo de que o projeto de lei que regulamenta o aplicativo seja votado na Câmara de Vereadores. De autoria de Adiló Didomenico (PTB), o documento será desarquivado na volta do recesso parlamentar, no começo de fevereiro, mas o debate em torno dele não é simples.
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A gestão anterior, do prefeito Alceu Barbosa Velho, apontou vícios de origem na proposta, baseada na que foi aprovada em Porto Alegre. Será preciso rever pontos-chave, como o pagamento de uma taxa mensal de operação e a identificação dos veículos. A assessoria de Didomenico vai mandar o parecer jurídico feito no projeto para a secretaria.
Enquanto o impasse permanece, aumenta a indignação dos taxistas, que pressionam o novo prefeito, Daniel Guerra, a proibir a circulação dos carros do Uber. Nesta segunda-feira, cerca de 40 taxistas foram à sede da Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade e cobraram a restrição. O secretário Cristiano de Abreu Soares prometeu se encontrar com Guerra para falar sobre o assunto.
– Ainda não dá para adiantar nada, é preciso fazer uma consulta ampla –ponderou Soares.
Disputa por espaço motivou discussão
Uma reunião entre Ministério Público (MP), prefeitura, Sinditáxi e equipes de fiscalização de trânsito deve ocorrer ainda nesta semana para buscar uma solução para amenizar os conflitos até que seja confirmada a regulamentação.
O MP, porém, emitiu recomendação em 28 de novembro de 2016, onde disse que o município deve abster-se de "praticar atos ou medidas repressivas que coíbam o condutor de veículos que estejam sendo usados para atividade econômica de transporte baseado em tecnologia de contratação do serviço através de aplicativos para smartphones e tablets". A visão do órgão é que a atividade tem de ser exercida livremente e regulamentada em até 90 dias – ou seja, até 28 de fevereiro.
A discussão na madrugada de sábado ocorreu porque os motoristas do Uber estacionaram os veículos em fila próximo à esquina da Rua Os Dezoito do Forte com a Coronel Flores, bairro São Pelegrino, e chamaram os clientes que pediam a corrida pelo aplicativo a embarcar neste ponto. Boa parte dos passageiros estava nos bares do Largo da Estação Férrea. Os taxistas, percebendo a estratégia, foram cobrar os concorrentes e exigiram que eles saíssem do trecho –que é público.
– Isso vai terminar dando coisa séria. Os caras do Uber não estão respeitando. Meu sentimento é que eles (taxistas) estão mordidos. Tanto vai, tanto vai, que daqui a pouco não aguentam, o sangue não é de barata – afirmou o presidente do Sinditáxi, Adail da Silva.
O Pioneiro entrou em contato com a assessoria do Uber e não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.