O corpo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki será sepultado na tarde deste sábado, às 18h, no Cemitério Jardim da Paz, no bairro Agronomia, zona leste de Porto Alegre. A confirmação veio por meio da administração do cemitério, que informou já ter reservado uma de suas capelas a pedido da família do ministro. Teori morreu em um acidente aéreo, na tarde desta quinta-feira, no mar, quando se aproximava do aeroporto de Paraty.
A tragédia modificou o cotidiano do prédio do do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), na Capital. O ambiente bucólico da rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, quase dentro do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, ganhou a presença de caminhões de TV, do entra e sai de jornalistas, um exército de serventes – que limpam cada centímetro de carpete –, além de provocar o retorno de diversos funcionários, que estavam em férias, em uma espécie de força-tarefa emergencial. Tudo para receber o corpo do ministro Teori, que será velado, a pedido da família, na casa que inaugurou, como presidente.
O velório está previsto para começar às 9h deste sábado. As primeiras duas horas serão reservadas para os familiares de Zavascki. A partir das 11h, o público terá acesso ao plenário do Tribunal. A cerimônia deve se estender até por volta das 17h, quando o corpo será levado para o sepultamento no Cemitério Jardim da Paz. O presidente da República, Michel Temer, e a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, confirmaram presença no velório. Um forte esquema de segurança será montado para as últimas homenagens a Teori, com a presença de seguranças do TRF4 mais seguranças do STF, da Polícia Federal e da Brigada Militar.
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O corpo do ministro será velado no plenário, ornamentado com um carpete vermelho, fino, que se parece com um veludo. O salão, com capacidade para 380 pessoas, deve começar a receber as coroas de flores já na madrugada deste sábado. O caixão ficará no centro, em frente à mesa na qual Teori pronunciou seus votos. Foi ele quem inaugurou o novo prédio do TRF4, em 2002, durante a sua gestão como presidente do tribunal (2001/2003).
– Foi o prédio que ele inaugurou quando foi juiz do TRF e é onde ele construiu, começou a carreira como magistrado. Tenho certeza de que, se tivesse de escolher um lugar, ali ele se sentiria em casa – justificou Francisco Prehn Zavascki, um dos três filhos do ministro.
Nos corredores do TRF4, a imagem de Teori é uma presença constante. Um grande telão, no corredor de acesso aos elevadores, exibe a foto do ministro e uma nota de pesar do presidente em exercício do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, desembargador federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz.
– Este acidente foi uma tragédia para o Brasil. O que fica é uma imensa saudade e um exemplo na vida pública. Um magistrado estudioso e discreto. Estudioso e discreto, esse é o traço do verdadeiro juiz, especialmente em casos rumorosos como esse. Por tudo isso, é representativo que ele seja velado aqui, neste prédio, inaugurado por ele. Teori está voltando para casa – disse Lenz.
O presidente em exercício do TRF4 defende uma rápida e profunda investigação sobre o acidente aéreo que matou o ministro:
– Seria irresponsável emitir juízo sobre o acidente, para isso haverá a perícia. O Ministério Público já instaurou inquérito, a fim de evitar qualquer suspeita. Essas providências são cautelares. Qualquer um que afirmar nesse momento qualquer opinião sobre o que aconteceu estará sendo leviano. Nada mais justo que se faça uma investigação adequada.
Os funcionários mais antigos lembram com carinho de Teori. Estarão no velório, a fim de homenagear o ministro.
– Ele foi uma pessoa simples, com um poder de síntese fantástico e com grande capacidade de escutar. Foi uma tragédia, não queria acreditar no que eu via na TV. Foi um duro golpe que a vida nos deu – lembra o servidor do TRF4 Regaldo Amaral Milbradt.