Mês dedicado à prevenção do câncer de pele, dezembro é também marcado pelo início dos dias de calor e sol intenso, já que o verão se inicia na próxima quarta, dia 21. Com base em dados do Instituto Nacional do Câncer, os gaúchos devem redobrar os cuidados, já que o Rio Grande do Sul concentra o maior número de casos no país. Em Caxias do Sul, neste ano, 20 pessoas já morreram em decorrência da doença, o dobro do registrado há seis anos, quando 10 pessoas perderam a vida devido ao tumor. No ano passado, foram 16 mortes.
Leia mais
Saiba quanto custa manter um filho no ensino particular em Caxias
Cachorro roubado durante assalto em Flores da Cunha volta para casa
O câncer de pele atinge, principalmente, pessoas com mais de 40 anos, consequência do maior tempo de exposição ao sol sem proteção solar. As características de parte dos moradores da Serra Gaúcha, como a descendência europeia, integram a lista do público mais atingido com a enfermidade.
– Imaginamos que está aumentando a conscientização sobre o uso do protetor solar, mas como há predominância de moradores com pele e olho claro, que são os mais suscetíveis, e muitos ainda trabalham expostos ao sol, sabemos que é preciso intensificar os cuidados – classifica a dermatologista Sabrina Kahler, que atende aos pacientes encaminhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Caxias.
As atenções com a pele já são conhecidas: evitar horários de sol forte e investir no protetor solar o ano inteiro, mesmo em dia nublado. Os famosos torrões no sol, que costumam deixar a pele vermelha, no entanto, são os mais perigosos, segundo a dermatologista. Ainda que idosos sejam os mais diagnosticados com o câncer, decorrência principalmente do trabalho diário exposto ao sol, é preciso se preocupar bastante com queimaduras na pele na infância.
– Quando acontecem queimaduras na infância, há um comprometimento importante na saúde para o resto da vida da criança. É preciso acompanhamento médico – alerta Sabrina.
Quando a doença é diagnosticada, a forma de tratamento mais utilizada é a remoção cirúrgica da lesão. Quimioterapia é um recurso terapêutico empregado somente nos casos mais graves. O que não vale é deixar o protetor somente para o veraneio ou ignorar a existência de sinais na pele que tendem a ser perigosos. A médica recomenda ficar de olho quando há sangramento ou o formato mudar. Quando diagnosticados nos estágios iniciais, 95% dos casos são curáveis.
Várias categorias têm direito ao protetor
Trabalhar exposto ao sol – e sem proteção – é fator de alto risco para desenvolver câncer de pele. A agente comunitária de saúde Marinez dos Santos Pereira sabe disso e dá exemplo no quesito prevenção. Como passa pelo menos seis horas diárias caminhando pelos bairros Esplanada, Consolação e Teresópolis, ela abusa do filtro solar fator 50, e recorre ao chapéu e até à sombrinha. O protetor é fornecido pela Secretaria de Saúde.
– Tem dias que o sol dói, sabe? Mas nunca tive uma queimadura, é só saber se prevenir – ensina.
Profissionais igualmente suscetíveis são os que atuam na construção civil e na agricultura. Estes últimos conquistaram o direito, desde 2014, de receber protetores solares de graça do governo do Estado. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Rudimar Menegotto, há mais de mil produtores familiares cadastrados para receber a loção fator 30 em Caxias. No entanto, devido ao problema nas finanças do Estado, o sindicato não recebe a remessa de protetores há mais de 30 dias.
O Pioneiro tentou obter a previsão de quando será normalizada a distribuição, mas a 5ª Coordenadoria de Saúde não soube informar. Já o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Caxias Sul afirma que é obrigatório o uso do protetor solar aos trabalhadores das obras. A responsabilidade pelo fornecimento é das empresas. Ontem à tarde, funcionários da empreiteira Exacta (foto) usavam óculos com proteção certificada.
– É importante também que as roupas tenham tecido com fator de proteção, porque muitas vezes, o sol passa e atinge a pele, mesmo vestida – orienta Valdemor Antônio Trentin, presidente do conselho superior da entidade.
Saúde
Número de mortes por câncer de pele dobra em Caxias
Somente neste ano, 20 pessoas já morreram devido a doença. Em 2010, foram dez casos
Raquel Fronza
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project