O Ministério Público cumpriu, na manhã desta sexta-feira (16), mandados de busca e apreensão na casa do prefeito de André da Rocha, Idair Bedin, na prefeitura municipal e em outras cinco residências de servidores investigados por fraude em concurso. São três motoristas, uma psicóloga e uma professora de ensino fundamental que passaram em concurso público de 2014 e foram nomeados no mesmo ano.
A ação é um desdobramento da operação Cobertura, que apura fraudes em concursos públicos realizados em diferentes prefeituras do Estado. Essa operação, deflagrada em 2015, investiga um grupo de sete empresas que, segundo o Ministério Público, combinavam preços e estabeleciam rodízio para que uma vencesse a licitação.
Em junho deste ano, quando o Ministério Público ofereceu denúncia contra o então presidente da Câmara de Bento Gonçalves, Valdecir Rubbo (PTB), o ex-secretário de Administração do município, Rafael Paludo, e o empresário Maicon Cristiano de Mello, o concurso de André da Rocha chegou a ser citado. Mello é sócio da IDRH, empresa que organizou os concursos da Câmara e da prefeitura entre 2014 e 2015 em Bento. Em acordo de colaboração premiada, ele revelou que a IDRH também organizou concurso fraudulento em André da Rocha.
Conforme o promotor Heitor Stolf Júnior, da Procuradoria de Prefeitos, há também documentos eletrônicos que comprovam a fraude, em que os cartões-resposta dos cinco servidores foram destruídos pela empresa e substituídos por outros com maior pontuação. Segundo o promotor, foi combinada inclusive a classificação final.
Conforme o Ministério Público, com os documentos, computadores e telefones apreendidos nesta sexta, a investigação ficará centrada em quem na prefeitura de André da Rocha encomendou a fraude, para saber se isso partiu do próprio prefeito ou de outras pessoas na administração e qual a relação dessas pessoas com os aprovados no concurso.
A reportagem tentou contato ao longo da manhã, mas não conseguiu falar nem com o prefeito Idair Bedin, nem com a prefeitura de André da Rocha.