Para curtir sem estresse as praias do Litoral Norte entre Quintão e Imbé, o veranista precisará ter muita boa vontade neste começo de temporada. O Diário Gaúcho percorreu seis praias nesta semana e constatou que a chegada aos municípios e, depois de já no destino, os acessos à tão desejada orla oferecem desafios.
Passarelas parcialmente destruídas, falta de acessos à praia para pessoas com deficiência, calçadas sem manutenção e até restos de construção e móveis junto à orla desenham o cenário a ser encontrado em plena na véspera de Natal.
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E o principal responsável, segundo as administrações municipais, é o mar. Em outubro deste ano, uma forte ressaca castigou as praias gaúchas, destruindo as estruturas instaladas junto à areia. Até hoje, os sinais da força das ondas persistem, como em Cidreira, onde uma escadaria de acesso do calçadão até a areia está em escombros.
– Isso aí foi a ressaca que fez. Estou reconstruindo o meu quiosque. Vou derrubar essa parte da escada ainda está de pé para evitar que crianças caiam brincando – diz Neneco Ferreira, 38 anos, terminando de montar o quiosque junto ao que sobrou da escada.
Acessos
A ERS-786, conhecida como Interpraias, corta parte do Litoral Norte e tem papel importante tanto na chegada quanto na locomoção entre as praias no veraneio. Em diversos trechos entre Cidreira e Quintão, buracos desafiam a atenção dos condutores, obrigando até o uso do acostamento para vencer a depressão na pista.
– A gente atende direto clientes com os pneus estourados por causa dos buracos. Não tem hora, é de dia e de noite. Acabam tendo de colocar outro pneu – conta o dono de uma borracharia junto à Avenida Paraguassu, trecho da ERS-786 em Magistério.
Enquanto isso, uma estrutura instalada junto à areia da praia para ser uma comodidade ao veranista se mostrou inoperante: os chuveiros da Corsan. De quatro conferidos pelo DG, três não funcionavam (Quintão, Magistério e Pinhal) e tinham sinais de depredação. O que operava, em Cidreira, permanecia ligado por quase meia hora depois de acionado, desperdiçando água.
Atividades de manutenção
O Daer afirma que dezenas de servidores têm concentrado atividades na manutenção da ERS-786 nas últimas semanas. Cerca de 30 km já passaram por reparos, no trecho entre Tramandaí e Quintão, passando por Salinas, Cidreira e Balneário Pinhal.
Os trabalhos consistem em operação tapa-buracos, substituições de camadas de asfalto e nivelamento de trechos defeituosos, até corte de vegetação, limpeza de canteiros e desobstrução de bueiros, canaletas e sarjetas. a ação será intensificada até o final da temporada de verão.
A Corsan informa que equipes da companhia estão percorrendo o Litoral para averiguar a situação dos chuveiros junto à areia e fazer a manutenção daqueles que estiverem danificados. Os veranistas podem alertar a Corsan sobre a situação do equipamento mais próximo pelo telefone 0800-646-6444.
A situação das praias
Quintão
/// A orla: a Avenida Beira Mar tem trechos intransitáveis de carro. O calçadão, junto à orla, está avariado, e os bancos também carecem de manutenção. O aspecto é de abandono perto da Rua Amadeo Rossi. As guaritas, de concreto, resistem, mas falta pintura nova.
/// A chegada: a ERS-786 merece muita atenção em todo o caminho que leva a Quintão, desde Balneário Pinhal. Junto a Quintão, como Avenida Esparta, guarda armadilhas pontuais e trechos em que se precisa usar mais o acostamento.
/// As ruas internas: o pavimento é, na maior parte, com pedras e bastante irregular.
/// A rodoviária: oferece estrutura dentro do prédio, para passageiros aguardarem os ônibus, que param em área em frente.
O prefeito de Palmares do Sul, Paulo Henrique Lang, afirma que um processo movido pelo Ministério Público o impediu de mandar servidores para a manutenção da praia. Isso deverá ser possível a partir de janeiro. A Avenida Esparta já estaria preparada para receber asfalto nas próximas semanas.
Magistério
/// A orla: acessos precários à orla exigem cuidados dos veranistas junto à Rua Triunfo. A passarela de madeira está com a ponta que chega à praia destruída. Pouco adiante, junto à Rua Cruz Alta, um lixão a céu aberto: sofá, colchão, carcaças de televisores, restos de construção e de podas.
/// A chegada: a Avenida Paraguassu (ERS-786) tem trechos que obrigam os veículos quase a parar para vencer os buracos. Em mais de um ponto, a saída é mesmo buscar o acostamento.
/// As ruas internas: ruas com pavimentação irregular, a condição fica pior à medida que se afasta da orla.
/// A rodoviária: uma sala serve para a venda de passagens, com os ônibus parando na via. Há cobertura no local.
Pinhal
/// A orla: o acesso à areia, na Rua 25 de Março, revela os efeitos da ressaca do mês de outubro. A passarela de madeira está parcialmente destruída e não deve ser usada, pois há pregos enferrujados expostos. Ao lado, pedaços de madeira e sacos plásticos pretos parcialmente enterrados na areia.
/// A chegada: a ERS-040 segue como a melhor via de chegada. O alerta fica por conta da pista simples, que oferece sempre muito risco em ultrapassagens.
/// As ruas internas: oferecem mais buracos e ondulações em pontos mais afastados da orla. Junto à praia, são mais transitáveis.
/// A rodoviária: estrutura ampla, boxes para os ônibus e espaço para os passageiros aguardarem sentados.
O prefeito de Balneário Pinhal, Luiz Antônio Palharin, que também responde por Magistério, diz que a ressaca de outubro destruiu as passarelas e mais de 150 lixeiras na beira da praia.
Algumas estruturas foram reparadas com a parceria da comunidade local. A dificuldade financeira prejudicou os trabalhos de recuperação.
Cidreira
// A orla: o efeito da ressaca ainda prejudica o acesso à praia em um dos pontos de maior movimento, o calçadão. Uma das escadarias de concreto junto ao calçadão foi derrubada, restando apenas escombros. O pavimento do calçadão também revela desgaste e pontos quebrados.
/// A chegada: pela ERS-040 e pela ERS-784 não há buracos nem grandes ondulações na pista. Por não serem duplicadas, exigem atenção dos condutores. Há controladores da velocidade no percurso.
/// As ruas internas: junto à orla, as vias não representam desafio de circulação maior.
/// A rodoviária: estrutura ampla, coberta, com boxes para os ônibus e poltronas para os passageiros que aguardam pelas viagens.
De acordo com o diretor de Obras da Secretaria Municipal de Obras, Sandro Ricardo Jorge da Silva, não foi possível arrumar a escadaria destruída por uma questão de prioridades.
Outras partes da estrutura afetada foram consertadas primeiro depois da ressaca. Foi feito o possível dentro das possibilidades financeiras.
Efeitos da ressaca também em Tramandaí e em Imbé
Em Tramandaí, a plataforma de pesca sofreu fissuras nas paredes em razão da ressaca do final de outubro, mas a estrutura não foi danificada. O local está aberto ao público. Os quiosques estão sendo instalados à beira-mar.
No calçadão, a cancha de bocha em frente ao edifício Quebra-Mar está abandonada. Há pedras, madeira e telhas pelo chão. Há lixeiras em bom estado no calçadão. A praça em frente ao Hotel Siri tem balanços quebrados.
Na rampa de acesso à praia, na altura da Avenida da Igreja, há pedras e madeira pelo chão. Segundo o secretário de Obras de Tramandaí, Antônio Rodrigues, equipes da prefeitura estão realizando a manutenção nas passarelas e nas estruturas da orla. Uma operação tapa-buracos também está em andamento. Cerca de 80 toneis foram colocados como lixeiras junto aos quiosques.
Já a barra do Rio Tramandaí, em Imbé, foi o local mais danificado pela ressaca de outubro. No estacionamento, utilizado por muitos pescadores para lançar redes e anzóis, a água afundou parte do calçamento. São cerca de 100 m de estragos.
Ao longo do calçadão, há areia no passeio e alguns trechos estão quebrados. Próximo à Avenida Caxias do Sul, uma passarela de madeira sobre as dunas deve ser inaugurada até o dia 20, facilitando o acesso à orla.
Segundo a assessoria de imprensa de Imbé, a passarela da Avenida Caxias do Sul deve ser concluída no começo da próxima semana. Outra será construída na Avenida São Luis. A restauração do calçadão antigo está sendo licitada e não foi feita antes por falta de recursos. No meio de fevereiro, tudo deve estar pronto.