O advogado da ex-presidente Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, participou de uma conversa com estudantes que estão ocupando a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Cercado de alunos e visitantes, o ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União falou, nesta quinta-feira, sobre o processo de impeachment de Dilma, sobre o ex-deputado Eduardo Cunha e o governo de Michel Temer.
Cardozo aproveitou o espaço para criticar o atual presidente da República. Segundo ele, a equipe de Temer não tem condições de tirar o país da crise. O ex-ministro também disse que a maior parte da população sabe que não havia motivos para tirar Dilma do cargo.
– Não tenho a menor dúvida de que hoje, a maior parte da sociedade brasileira, mesmo os que apoiam o impeachment, sabe que não tinha razão. E a cada dia que passa, diante desse governo que está aí, sem mulheres, sem negros, que é a expressão da elite conservadora branca, que segue a ideologia neoliberal, não consegue tirar o país de crise nenhuma. Pelo contrário, só afunda mais – afirmou.
Leia mais:
Manual traz orientações sobre forma de agir nas ocupações de escolas
Quem são os líderes das ocupações em escolas e universidades do RS
Ocupações de universidades e escolas mostram nova face do movimento
Ele ressaltou, ainda, acreditar que um dia "haverá julgamento daquilo que fizeram" com a ex-presidente Dilma Rousseff.
– Não é possível que não percebam o que estão fazendo em relação a um governo legitimamente eleito, com a democracia do país e com o sancionamento de uma pessoa que não tem crime nenhum – opinou Cardozo.
O bate-papo com o ex-ministro, que teve perguntas de estudantes e participações de líderes da ocupação, também teve orientações jurídicas sobre como o Ministério da Justiça pode agir em relação aos locais ocupados, entre outros assuntos relacionados ao Direito.
Cardozo falou que a relação que ele e Dilma tinham com Eduardo Cunha era movida a ameaças do ex-deputado, quando o parlamentar ainda era presidente da Câmara.
– A Dilma falava que com ele (Cunha) não tinha conversa, não tinha diálogo. Ele (Cunha) mandava recados claros, diários. Dizia que se não parasse a investigação contra ele, iria acabar com o governo. E a presidente Dilma dizia que jamais usaria nada para parar a Lava-Jato – lembrou.
*Zero Hora