Será com uma música inédita de um dos maiores multi-instrumentistas e compositores brasileiros que o coral dos pequenos cantores do Instituto Popular de Arte e Educação (Ipdae), do Bairro Lomba do Pinheiro, na Capital, lançará o primeiro CD neste domingo.
Entre as 16 canções que serão cantadas, está Nazakumbira, de Hermeto Pascoal, música escrita em gibberish (fala ou escrita que é ininteligível ou sem sentido), jamais gravada, e que foi autorizada por ele para compor o CD dos cantores do Ipdae.
– Descobrimos a composição por acaso e decidimos pedir a autorização. Ele liberou na mesma hora. As crianças amam cantá-la – conta a entusiasmada professora de canto e técnica vocal do Ipdae Cuca Medina, também maestrina do coral.
Formado por 52 cantores, com idades entre sete e 13 anos, o coral ensaia duas vezes por semana com a professora Cuca e é dividido em três grupos – dois com vozes mais agudas infantis e uma terceira voz, com meninos em fase de muda vocal. Entre eles, Rodrigo da Rosa, 12 anos, estudante também de violoncelo na escola de música do Ipdae.
– Entrei no grupo querendo aperfeiçoar a voz. Nunca pensei que me tornaria um cantor – conta, faceiro.
Pedido para a mãe
Ao contrário de Rodrigo, Patrick do Nascimento, 11 anos, também aluno de violino, sempre quis ir além nas cantorias. No ano passado, pediu à família para ingressar no Ipdae. Ele já tinha a intenção de fazer parte da primeira turma do coral.
– Sempre gostei de cantar. Insisti muito com a minha mãe para ela me inscrever. Aqui (no Ipdae) estou aprendendo coisas sobre música que jamais aprenderia. Quero viver do canto – afirma.
Leia mais
As lições da Gomes Carneiro, uma das dez escolas públicas gaúchas mais bem colocadas no Enem
Robótica conquista alunos de escola estadual de Alvorada: primeiros robôs estão em construção
Segundo Cuca, a formação dos primeiros cantores surgiu na disciplina de prática infantil de coral. As crianças aprendem sobre respiração, ressonância, projeção e afirmação da voz. Os que mais apresentaram técnica e interesse no projeto acabaram ingressando no grupo, que pretende percorrer o Estado.
"A música transforma"
Para a diretora e fundadora do Instituto, Fátima Flores, a música transforma o indivíduo.
– Mesmo aquele que tem problemas na família. As horas que ele precisa se dedicar ao estudo levam a uma revolução interna. Ele reforça a autoestima e se sente capaz de realizar o que quiser – acredita a diretora.
É como se sente Isabele Machado Alves, nove anos, que já decidiu: será soprano. Filha de mãe cozinheira e pai construtor civil, ela quer ser a primeira da família a cantar música erudita profissionalmente.
Apaixonada por música clássica, a pequena de voz potente ingressou no coral por ser a mais aguda entre os participantes.
– Meu pai canta no chuveiro, e canta muito bem. Mas eu quero ir mais longe. Quero cantar numa ópera! Começar no coral vai me ajudar a chegar lá – garante.
Saiba mais sobre o trabalho do Ipdae no site.