Pelo menos seis prédios da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) estão ocupados por estudantes em protesto contra a PEC-241 (que no Senado passou a tramitar como PEC-55), o projeto Escola Sem Partido e a reforma do Ensino Médio. Na segunda-feira, alunos das faculdades de Educação, Arquitetura e Urbanismo, Design de Produtos, Design Visual, Filosofia, Ciências Humanas, Psicologia, Biblioteconomia e Comunicação decidiram aderir à mobilização iniciada na última quarta-feira, no Instituto de Letras.
Os estudantes da Faculdade de Educação (Faced) decidiram, em assembleia realizada na manhã de segunda-feira, ocupar o prédio que reúne os cursos de Pedagogia, Educação do Campo e Pós-Graduação. Conforme um dos organizadores do movimento, que prefere não se identificar, cerca de 30 alunos passaram a noite na Faced. Nesta terça-feira, os estudantes devem se reunir com a diretoria da faculdade para definir como ocorrerá a ocupação. No entanto, as aulas no prédio estão suspensas.
– Nessa primeira manhã, (teremos) uma conversa aberta sobre a conjuntura nacional, a PEC-55, a reforma do Ensino Médio e o projeto Escola sem Partido – afirmou um aluno responsável pela comunicação do movimento, explicando que a agenda para os próximos dias será definida em assembleia de estudantes.
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A poucos metros dali, os alunos de Arquitetura e Urbanismo, Design de Produtos e Design Visual realizaram assembleia às 19h30min de segunda-feira e também decidiram ocupar o prédio onde são lecionados estes cursos. Os organizadores chamaram representantes de outras ocupações, como os da Faced e do Instituto de Letras, que também está ocupado, para trocar experiências e contar como as ações estão funcionando.
– Nossa intenção é descobrir o que os outros estudantes daqui estão pensando e buscar informações de pessoas que participam de ocupações. Nosso foco é seguir o movimento e ocupar esse prédio também – contou a estudante Iasmin Nunes Peres, de 19 anos, uma das organizadoras da assembleia no prédio da Faculdade de Arquitetura.
– Não queremos uma ocupação passageira. Queremos fazer algo organizado, conversando com os professores e encontrando as melhores soluções. Não é um movimento para não ter aula. É para sermos ouvidos, pois os projetos estão sendo votados sem que a gente possa dar nossa opinião – complementou.
Pouco antes das 20h de segunda-feira, a página no Facebook do movimento Ocupa Letras - UFRGS anunciou que os prédios do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e do Instituto de Psicologia também foram ocupados. Por volta das 21h, foi a vez do prédio da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico). Estudantes dormiram no local na segunda-feira. O número de ocupantes, entretanto, não foi informado pela coordenação do movimento.
Procurada pela reportagem de Zero Hora, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) afirmou que não adota nenhum posicionamento oficial sobre as ocupações. Além disso, a assessoria de imprensa da Reitoria informou que o órgão ainda não recebeu qualquer comunicado dos estudantes que ocuparam os prédios de faculdades da instituição.