A notícia do assassinato de uma médica na esquina das avenidas Sertório e Ceará, na zona norte de Porto Alegre, na noite de domingo, não veio como uma surpresa para comerciantes e donos de estabelecimentos da região. Acostumados a uma rotina de assaltos e de falta de policiamento, eles já adotaram estratégias para se proteger.
– Quando começa alguma movimentação suspeita, a gente já baixa a grade da frente. Tenho medo de que entrem aqui na loja – relata Roberto Vilodre, dono de um centro automotivo que fica na mesma esquina do crime.
Proprietário do local há 15 anos, ele afirma que já viu de tudo. Assaltos e roubos em lojas são comuns.
– Só que piorou muito nos últimos tempos e não se vê nenhum brigadiano passando por aqui – lamenta Vilodre.
Já Roger da Luz, 28 anos, já presenciou algumas cenas de violência em apenas dois meses de trabalho em uma loja de móveis no local. Uma delas inclusive foi gravada pelo funcionário.
– Tinha um carro estacionado aqui na frente, e dois homens tentaram abrir o veículo. Gravei tudo e chamei a polícia, mas ninguém apareceu – conta Luz.
Conforme relata o funcionário, eventualmente é possível ver viaturas da Polícia Civil passando pela região, mas ele afirma que não há policiamento ostensivo.
– A Polícia Civil passa por aqui porque é uma rota movimentada, usada para ir a outros lugares – pondera.
A esquina onde ocorreu o assassinato da médica Graziela Muller Lerias, 32 anos, é o mesmo local onde foi morto a tiros, em março deste ano, um suspeito de liderar a facção criminosa Balas na Cara. ZH permaneceu no local por cerca de uma hora na manhã desta segunda-feira e não registrou a presença de nenhum PM no local.