Perícia realizada no celular do amigo de Artur Bobsin Ferreira, nove anos, que morreu afogado em Imbé, na tarde da última segunda-feira, confirmou que o aparelho não tinha o aplicativo Pokémon Go. O modelo Alcatel One Touch Pixi não dispunha de memória suficiente para a instalação do jogo.
Durante as buscas pelo corpo do menino, surgiram rumores entre os moradores de que Artur e João Pedro Azzi, também de nove anos, teriam entrado em um canal ligado ao Rio Tramandaí para caçar os bichinhos da brincadeira de realidade aumentada. As famílias das duas crianças negaram essa possibilidade desde o início. Artur não tinha telefone.
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O celular de João Pedro foi localizado na manhã de terça-feira, perto do local do acidente, e recolhido pelo delegado Antonio Carlos Ractz, da Delegacia de Imbé. Ractz acompanhou o trabalho dos dois peritos, com formação na área de informática, destacados para a tarefa.
– Está descartada a hipótese de que o celular tivesse o aplicativo. O aparelho era compatível, mas não tinha memória suficiente para o download – diz o delegado.
A possibilidade de o acidente ter relação com o jogo, sucesso mundial que chegou ao Brasil na semana passada, espalhou-se rapidamente por sites de notícias e redes sociais. Ractz conta que deu entrevista até para veículos dos Estados Unidos e da Inglaterra.
– Foi uma maldade, não sei de onde tiraram isso. Deu transtorno – completa.
O delegado está aguardando o laudo que confirma a morte por afogamento para encerrar o caso e encaminhar o inquérito ao Judiciário. Segundo ele, não houve negligência.
Artur e João Pedro jogavam bola e pulavam corda na Rua Torres, bairro Courhasa, quando decidiram levar para a água dois caíques de fibra, de propriedade de pescadores locais, que estavam na beira do canal. João Pedro contou que tentava saltar para o barco de Artur quando se desequilibrou e caiu. Mesmo sem saber nadar, Artur pulou para tentar resgatar o amigo. Conseguiu se manter na superfície por poucos segundos e submergiu. João Pedro, com poucas noções de nado, deu algumas braçadas de costas, segurando uma garrafa pet e uma de suas chuteiras como boias improvisadas, até alcançar a margem.