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As razões do colapso na segurança pública no Rio Grande do Sul

Crise financeira, redução das forças policiais e caos no sistema carcerário se combinaram ao longo da última década, impulsionando o crescimento e a violência da criminalidade

José Luís Costa

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Crise financeira, descontrole e equívocos administrativos estão entre as principais razões para a escalada da criminalidade no Rio Grande do Sul. Há pelos menos uma década, a violência cresce no mesmo ritmo em que diminuem os recursos e a capacidade do Estado em garantir segurança aos gaúchos.

A falta de dinheiro reduz o aparato policial e as vagas nas cadeias, enquanto faz aumentar o exército de bandidos nas ruas e disparar os índices de crimes.

– Atingimos um ponto dramático. A situação é de descontrole total. Percebendo a estrutura fraquejada das forças de segurança, a população marginal se sente à vontade para roubar e matar – analisa o sociólogo Juan Mario Fandino.

Segundo ele, a violência alcança um novo estágio, ainda mais cruel.

– Parece haver uma regra entre os criminosos que é a necessidade de matar. As vítimas não sequer olhar para o assaltante, quanto mais esboçar algum gesto de resistência – acrescenta.

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A promotora de Justiça Lúcia Helena Callegari, que atua junto à 1ª Vara do Júri da Capital, se diz apavorada com a barbárie.

– Estamos em um nível de violência nunca visto antes. Não temos presídio, não há casas para o semiaberto. As pessoas cometem crimes e voltam para a rua.

O procurador de Justiça Gilmar Bortolotto lembra que, em 20 meses, a população carcerária aumentou em 5.305 presos sem que houvesse, proporcionalmente, geração de vagas.

– Há tempos que o Estado não tem política definida para o sistema prisional. Age no impulso. Um projeto adequado precisa se alongar no tempo e ser respeitado pelos sucessivos governos. Sem isso, falar em segurança pública é ilusão – afirma o procurador.

Em nota, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil/RS, Ricardo Breier, afirmou que o "caos da segurança só poderá ser contido se o Governo do Estado tiver a humildade de reconhecer que sua postura tem sido de uma gestão temerária e inerte".

– Nas poucas movimentações que realizou na área, agiu de forma equivocada e ineficaz. O experimentalismo, o método de tentativa e erro, as ações meramente cosméticas e previsivelmente inócuas resultam em novas e sucessivas mortes e outros crimes violentos, praticados por quem, no nosso Estado, não precisa temer a lei e não tem nada a perder – escreveu Breier.


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