No lugar das cinco caixas de longa vida consumidas por dia, sacos de leite em pó estão sendo usados para alimentar as cem crianças do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos da Associação de Moradores do Bairro Rubem Berta (Amorb), na Zona Norte de Porto Alegre, desde o início deste mês.
Leia mais:
Saiba como vai funcionar o Trensurb durante a paralisação dos metroviários nesta quinta
Temer sanciona reajuste salarial de servidores do Judiciário e do MPF
Foi a forma encontrada pela direção para conter os gastos, devido ao aumento do preço do leite longa vida. O produto subiu 20% nos últimos 30 dias, na Capital, segundo levantamento da Fundação Getulio Vargas.
– Pagamos R$ 4,95 pelo saco de meio quilo de leite em pó, que dá para fazer de três a quatro litros. Cuidamos para deixá-lo mais forte. Uma caixa de um litro de longa vida custa até R$ 4. Ainda mais em conta seria trocar pelo de saquinho (tipo C), mas não temos como armazená-lo – diz a coordenadora do atendimento, Letícia de Oliveira.
Fatores
Pelo último dado da pesquisa da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), o preço médio do longa vida – que responde por 70% das vendas nas gôndolas – é de R$ 3,77. Ou seja: 56% acima do valor de um ano atrás, R$ 2,41. E pelos cálculos do presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Alexandre Guerra, este valor deverá seguir aumentando até agosto para, então, estabilizar.
Alexandre alerta que a queda na produção de leite será de 7%, considerada alta para os produtores. Três fatores tornaram o leite o vilão da cesta básica, segundo Alexandre e o presidente da Comissão do Leite da Farsul, Jorge Rodrigues.
– Calor no inverno e chuva forte no verão impediram o desenvolvimento das pastagens, necessárias para o alimento do gado. O preço do milho, principal alimento depois da pastagem, subiu quase 100% em menos de 12 meses – explica Alexandre.
– No ano passado, muitos produtores venderam o gado leiteiro para abate, pois o valor da carne estava em alta. Este movimento contribuiu para a diminuição da produção – diz Jorge.
Medida
Enquanto o preço do longa vida seguir azedo no bolso, a creche do Rubem Berta manterá a contenção, comprando menos leite de caixinha e pechinchando o valor do outro leite nos fornecedores.
– As crianças não podem ficar sem leite – resume Letícia.
Alternativas mais em conta
O leite tipo C, que nos mercados custa, em média, R$ 2,78, pode ser uma alternativa em tempos de alta do longa vida. Segundo a nutricionista e professora da Unisinos Ana Harb, ele tem o mesmo valor nutricional, o que varia é o método de conservação. Ela lembra também que com 500g de leite em pó, outra saída, pode-se fazer até quatro litros do alimento.
– Para ficar igual ao leite de saquinho, o ideal é usar dez colheres de sopa cheias para fazer um litro – ensina.
Prazo para sacar Pis/Pasep 2014 vai de 28 de julho a 31 de agosto
Segundo Ana, consumir leite diariamente é fundamental, pois o produto tem a quantidade necessária de cálcio para o organismo e é fundamental na fase de crescimento, ajudando na fortificação dos ossos.
– Se não houver chance de comprar leite, a pessoa pode substituí-lo momentaneamente por ovo – fonte de proteína –, sardinha e brócolis, que contêm cálcio. Mas o recomendado é consumir por dia até três copos de leite de 250ml, cada – explica.