Quem precisa ir ao mercado fazer compras passa por um verdadeiro martírio. Olhar os preços do leite, feijão e outros produtos básicos nos deixa com um sentimento de desespero absurdo. Pagar R$ 11 no pacote de 1kg de alguma coisa tendo um salário de 800 pila é absurdo.
Muita gente está comprando menos alimento e muita gente não está sequer comprando. E se tem gente deixando de comprar comida, tem gente que está deixando de comer, ou seja, passando fome. Vi que a última pesquisa sobre a fome foi feita há quatro anos e, em 2012, o IBGE já informava que 300 mil gaúchos passavam fome.
Nesta sexta-feira, bati um papo com um dos coordenadores da FAO, braço das Nações Unidas para agricultura e alimentação. Ele me disse que, na Região Sul do Brasil, temos 2% de pessoas passando fome.
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Parece pouco, mas 2% de gaúchos são quase 300 mil pessoas. Fui dar uma circulada palas ilhas nesta sexta-feira cedo e vi que a fome está mais perto do que imaginamos.
Vi uma mãe que não tinha o que dar para a filha de três anos comer à noite. O Brasil saiu, de acordo com a Onu, do mapa da fome mundial, mas isso não significa que resolvemos o problema. Tem muita gente sem ter o que comer ainda e isso é uma vergonha, levando em conta que nós somos um Estado que vive da agricultura.
A fome tem cara e endereço, não podemos fingir que ela não está aqui. Quem conhece lugares onde ainda vemos fome me mandem um e-mail. Quero visitar e mostrar em uma reportagem.