Os astronautas da missão Apollo, os únicos que viajaram além da magnetosfera da Terra, envoltório que protege contra as radiações, morrem desproporcionalmente de doenças cardíacas, segundo um estudo publicado na quinta-feira na revista científica Scientific Reports.
A conclusão gera preocupações com a saúde de todos os seres humanos que sonham em viajar para a Lua, Marte ou além, enquanto agências espaciais e empresas privadas competem para expandir a presença extraterrestre da humanidade.
"Nós sabemos muito pouco sobre os efeitos da radiação do espaço profundo para a saúde humana, em particular para o sistema cardiovascular", disse Michael Delp, da Universidade do Estado da Flórida.
Dos sete astronautas das missões Apollo da Nasa (entre 1968 e 1972) que já morreram, três (43%) sucumbiram a doenças cardiovasculares - um grupo que inclui infartos, aneurismas ou derrames cerebrais.
Esta taxa é de "quatro a cinco vezes mais alta" do que a observada entre os astronautas que nunca saíram da Terra (9%) e os que participaram de missões mais próximas ao nosso planeta, na órbita terrestre baixa, como os da Estação Espacial Internacional (11%).
"Esses dados sugerem que as viagens humanas para o espaço profundo podem ter sido mais prejudiciais à saúde cardiovascular do que se calculava anteriormente", disseram os pesquisadores.
Além da magnetosfera - uma "bolha" magnética que serve como um escudo para Terra e seus habitantes -, os astronautas da Apollo foram expostos a níveis sem precedentes de radiação de partículas, disse o estudo.
Essas partículas são nocivas para os humanos porque podem atravessar a pele e danificar o DNA celular, segundo a Nasa.
A Estação Espacial Internacional, em comparação, orbita a 400 km da Terra, dentro da magnetosfera.
A Nasa planeja enviar uma missão tripulada para Marte na década de 2030, e já afirmou que proteção contra radiações "será uma tecnologia crucial" para a viagem espacial de mais de um ano de duração, assim como para explorar a superfície do Planeta Vermelho.
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