O sumiço de cerca de cinco mil peças de roupas, arrecadadas no último domingo durante o Iom Mitzvah (Dia da Solidariedade), surpreendeu e entristeceu a comunidade judaica esta semana.
– É muita maldade. Fico pensando o que os ladrões vão conseguir com isso? Dinheiro? Calculo que 3 mil pessoas vão deixar de ser beneficiadas – desabafou na manhã desta quinta-feira Zalmir Chwartzmann, presidente da Federação Israelita.
Leia mais:
Campanha da comunidade judaica arrecada roupas
Varal liga quem precisa de agasalhos a quem tem o que doar
Campanha do agasalho começa mais cedo
A ocorrência policial será registrada ainda nesta quinta-feira. O organizador do evento, Ilton Gitz, disse que o clube tem segurança, mas que maiores detalhes devem ser verificados pela polícia:
– Isso nos traz um sentimento de repensar o país. Quando se rouba da campanha do agasalho é porque se perdeu muito eticamente. Não foi um roubo contra nós. É contra toda a sociedade.
Na expectativa de reverter o fato negativo, a comunidade judaica e a prefeitura farão um apelo à população para pedir mais doações. O objetivo é repor e até ultrapassar as 10 mil peças furtadas. O prefeito José Fortunati e Chwartzmann vão gravar o pedido em vídeo e divulgar nas redes sociais.
O furto das roupas foi detectado na terça-feira, na sede do Clube Hebraica, que fica no bairro Bom Fim, onde estavam reunidas todas as doações. O cálculo é de que foram arrecadadas, no domingo, em torno de 45 mil peças de roupas.
A ação foi organizada pela comunidade judaica para coletar agasalhos para a população carente de Porto Alegre e para trabalhar a cidadania junto aos jovens judeus. Sete caminhões se revezaram coletando doações em 10 bairros da Capital.
Foram servidores da prefeitura que notaram a falta de parte das doações. Ao chegar ao clube na terça-feira para buscar as roupas, perceberam um espaço vazio junto a uma parede, que no domingo estava cheio de peças doadas.
Os funcionários ficaram confusos, pois não havia sinais de arrombamento no clube. Mas como o material não foi encontrado, houve a decisão de comunicar o caso à polícia.
– Entendemos que o melhor era o respeito à verdade e é preciso ter essa parte policial, de apuração – explicou Chwartzmann.
Em áudio, ouça o depoimento de Chwartzmann à Rádio Gaúcha
Conforme o coordenador da campanha do agasalho da prefeitura, Tiago Reis, para carregar esse volume de peças de roupas em um carro popular, por exemplo, seriam necessárias três viagens. Ou então um caminhão de médio porte para levar tudo de uma vez.
Na tarde desta quinta-feira, a polícia vai verificar se existem câmeras na região que possam ter flagrado a ação criminosa.