A Polícia Federal (PF) anunciou na quinta-feira o indiciamento de oito pessoas dentro do inquérito que apura o rompimento da barragem da Samarco, que ocorreu em novembro de 2015, em Mariana (MG). O local era controlado por Vale e BHP Billiton.
A PF indiciou um funcionário da mineradora Vale e manteve o indiciamento da Polícia Civil de sete executivos da Samarco e da VogBR – responsável pelo laudo da barragem. As investigações apontaram ainda que a Samarco utilizou material mais barato do que o previsto no projeto original para a construção da represa e reduziu ano a ano recursos para a área de geotécnica, que controlava as estruturas do local, segundo informações do delegado responsável pelo inquérito, Roger Lima.
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Em janeiro, a PF já havia indiciado a Vale, a Samarco, a VogBr e executivos da mineradora, entre os quais o presidente da empresa na época do desastre, Ricardo Vescovi. Não havia, porém, funcionários da Vale na lista. O funcionário da Vale que foi indiciado é o responsável pelo complexo de Alegria, próximo da Barragem de Fundão.
A Vale enviava rejeitos para a represa, conforme as investigações da PF. O volume de rejeitos da empresa na barragem que ruiu chegou a ser de 28% do total, segundo Lima, que retirou as informações de documentos da Samarco. Como de praxe, a PF não divulga os nomes dos indiciados.
Segundo o delegado, o material previsto em projeto para ser utilizado na construção da barragem era brita, mas foi trocado por "resto de minério". Lima disse que a empresa, a partir de 2012, começou a reduzir o orçamento para manutenção de Fundão. Os valores, conforme o delegado, caíram de R$ 25 milhões em 2012 para R$ 18 milhões em 2015.
A Samarco informou em nota que "repudia qualquer especulação sobre conhecimento prévio de risco iminente de ruptura na Barragem de Fundão". O comunicado diz que "a barragem sempre foi declarada estável" e a empresa "sempre operou com altos padrões de segurança em todos seus processos e mantém todos seus monitoramentos em linha com as exigências legais e com as melhores práticas do mercado internacional de mineração".
Segundo a Samarco, uma obra de recuo iniciada em 2012 era parte da operação da barragem, adotada temporariamente para dar tratamento necessário à galeria secundária. "A operação da barragem, inclusive seu recuo temporário, sempre foi do conhecimento dos órgãos ambientais e de fiscalização, não sendo necessária a apresentação do projeto do recuo por ser mera intervenção decorrente da operação", disse a empresa.
Em nota, a Vale declarou que "repudia, com veemência, o indiciamento de um funcionário no inquérito conduzido pela Polícia Federal, haja vista que jamais teve qualquer responsabilidade pela gestão da Barragem de Fundão".
A empresa reiterou a informação de que, na média dos últimos três anos, destinou aproximadamente 5% do volume total de rejeitos depositados pela Samarco na Barragem de Fundão, no mesmo período. "Antes desse período, a barragem não tinha nem sequer atingido 50% de sua capacidade total", informou a nota.