As investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) que apuram a lavagem de R$ 370 milhões envolvendo a empreiteira Delta e o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, apontam para o uso de 18 empresas de fachada, criadas pelos operadores do esquema.
Cachoeira foi preso nesta quinta-feira, em Goiânia, na Operação Saqueador. Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta, teve a prisão pedida, mas não foi encontrado em sua residência no Leblon, na zona sul do Rio. A PF apreendeu um cofre e documentos na casa.
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Segundo a denúncia do MPF oferecida à Justiça Federal, a fatia de 96,3% do faturamento da Delta entre 2007 e 2012 foi oriunda de verbas públicas, chegando a R$ 11 bilhões. A denúncia foi oferecida contra 23 pessoas, incluindo Cavendish, Cachoeira, o doleiro Adir Assad, Marcelo Abbud e proprietários e contadores de empresas fantasmas, conforme nota divulgada na manhã desta quinta pela assessoria de imprensa da Procuradoria Regional da República do Rio.
As empresas fantasmas lavavam os recursos públicos por meio de contratos fictícios, que eram sacados em espécie, para o pagamento de propina a agentes públicos, de forma a impedir o rastreamento das verbas. A nota do MPF não cita o envolvimento de políticos.
"As empresas de Adir Assad e Marcelo Abbud emitiam notas frias não só para a Delta, mas para muitas outras empresas. No mesmo período de 2007 a 2011, foram transferidos para essas empresas fantasmas mais de R$ 885 milhões. A organização criminosa também serviu ao esquema de corrupção da Petrobras, de acordo com a Operação Lava-Jato", diz o comunicado do MPF.
O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a utilização, nas investigações da Operação Saqueadores, de trechos da delação premiada de pessoas ligadas à empreiteira Andrade Gutierrez e investigadas na Lava-Jato, também da PF e do MPF.
Segundo a Procuradoria do Rio, embora a delação ainda seja sigilosa, "confirma o que foi apurado, demonstrando que a Delta era uma empresa voltada fundamentalmente a esquemas de corrupção em obras públicas, em especial, no Rio".