O presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, José Carlos Araújo (PR-BA), declarou que, se preciso, vai arcar os custos da passagem do lobista Fernando Soares. Conhecido como Baiano, ele é uma das testemunhas de acusação contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Araújo diz que o pedido para a compra de passagens aéreas foi feito no dia 14 de abril, mas que não recebeu resposta da presidência.
Como Cunha é parte no processo, o vice-presidente Waldir Maranhão (PP-MA), aliado do peemedebista, é responsável por responder o pedido. Caso não haja retorno até meio dia da véspera do depoimento, agendado para a próxima terça-feira, Araújo afirma que pagará pelo transporte do convidado, a fim de manter a oitiva. Na semana passada, alguns parlamentares cogitaram fazer uma "vaquinha" para trazer Baiano.
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Na terça-feira, o presidente da Câmara declarou que o Conselho não tem o hábito de pagar passagens de pessoas que são convidadas a depor em comissões e que ele mesmo financiará as passagens dos convidados da defesa. Para Cunha, testemunhas da Operação Lava-Jato, como Baiano, "não têm nada a ver com o objeto da representação" e pagar pelo seu transporte seria "desperdiçar dinheiro público para fazer holofote".
Segundo o relator do caso, Marcos Rogério (DEM-RO), Baiano teria participado de negociações envolvendo a remessa de recursos para o parlamentar. Em delação premiada, o lobista disse no ano passado que Cunha pediu propina em forma de doação eleitoral para o PMDB. O presidente da Câmara é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e lavagem de dinheiro. No Conselho, ele é acusado de ter mentido na CPI da Petrobras sobre possuir contas no exterior.