O bloco favorável à deposição da presidente Dilma Rousseff está construindo as indicações de Antonio Anastasia (PSDB-MG) e de Ana Amélia Lemos (PP-RS) para as funções de presidente e relatora, respectivamente, da comissão de impeachment no Senado.
A dobradinha conta com a simpatia de partidos como PSDB, DEM e o PMDB do vice-presidente Michel Temer. Para Ana Amélia, há um concorrente forte na disputa pela relatoria. O senador Gladson Camelli (PP-AC) gostaria de assumir o cargo e desfruta de maior proximidade com o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), que poderá tentar privilegiá-lo.
O PMDB, maior partido da Casa, teria direito a escolher primeiro um dos postos. Mas, como é "parte interessada", a tendência é de que abra mão. Como alternativa, a relatoria ficaria com o PP. Quem ocupar a função terá até dez dias úteis para apresentar um parecer pela admissão da denúncia ou arquivamento. Dilma será afastada da presidência se houver maioria simples de senadores, em votação de plenário, pela continuidade do processo.
Leia mais
Grupo de senadores defende novas eleições independentemente do impeachment
Deus, golpe, família e Brasil: as palavras que marcaram os discursos na Câmara
Dilma Rousseff: "É estarrecedor que um vice conspire contra a presidente"
Nesta segunda-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que o presidente e o relator serão escolhidos mediante votação entre os 21 membros da comissão. É um ponto que pode favorecer Ana Amélia, com o apoio do PSDB, já que Ciro Nogueira não fará a indicação automática de Gladson Camelli.
– Concordamos com os nomes cogitados, tanto com o Anastasia quanto com a Ana Amélia – afirmou o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO).
O PT tentará barrar a confirmação do PP nos cargos-chave da comissão. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que o partido "não aceitará" Ana Amélia como relatora.
– Ela não é imparcial, o PP já fechou questão pelo impeachment. A gente tem que achar um senador de outro perfil. Temos vários nomes aqui. Alguém isento. Tem o Cristovam Buarque (PPS-DF), o PMDB tem nomes. A Ana Amélia, depois de o PP ter fechado questão, não pode – reagiu Lindbergh.
O bloco de oposição contra-atacou.
– Não é questão de aceitar, tem de ter maioria na comissão. Quem vota são os 21 senadores – rebateu Caiado.
Cristovam, que nesta segunda-feira participou do lançamento de movimento por novas eleições para presidente e vice em outubro, viu com desconfiança a possibilidade de ser relator, levantada por Lindbergh.
– Teria de ser alguém de partido grande. Fico honrado com a lembrança, mas acho pouco provável – avaliou.