O primeiro voto na Câmara dos Deputados neste domingo será a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff e desferido pelo deputado federal gaúcho Afonso Hamm (PP). Nascido em Bagé, o parlamentar foi condicionado a abrir a votação após definição, nesta quarta-feira, do rito do impeachment pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB).
Em seu terceiro mandato, Hamm diz não se sentir pressionado e, inclusive, adiantou a ZH as palavras que pretende dizer no plenário durante os 10 segundos que serão concedidos a cada deputado durante a votação nominal em microfone aberto.
– Em nome do povo gaúcho, em nome do povo brasileiro, o meu voto é pela mudança, é pela esperança, é sim ao impeachment. É o que dá para falar em 10 segundos – disse o empresário rural de Bagé, investigado pela Operação Lava-Jato por suspeita de corrupção na Petrobras.
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Os deputados que mapeiam os votos
Em 1992, durante a votação do impeachment de Fernando Collor de Mello, o então presidente da Câmara, Ibsen Pinheiro, determinou que a chamada seria por ordem alfabética, mas Cunha já disse que não vai seguir o modelo. A ordem de votação será iniciada pelos parlamentares do Rio Grande do Sul, seguidos pelos deputados de Santa Catarina e Paraná – majoritariamente favoráveis ao impeachment da presidente Dilma.
Depois virão os representantes do Centro-Oeste e Sudeste. Por último vêm Nordeste e Norte. Para o impeachment de Dilma ser aprovado, são necessários 342 votos a favor do parecer de Jovair Arantes, o equivalente a dois terços dos 513 deputados da Casa.
Confira abaixo entrevista com o deputado federal Afonso Hamm (PP):
O senhor vai votar a favor ou contra o impeachment?
Eu já defini desde dezembro, tornei público meu voto a favor do impeachment levando em conta, entre outras coisas, as pedaladas fiscais.
No processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, o voto decisivo foi do então deputado mineiro Paulo Romano (atual DEM). Ele disse "Tinha pressão pra todo o lado". Embora seja o primeiro a votar, o senhor também sofre essa pressão?
Essa pressão até existiu, mas para quem tem convicção, como eu, não há estímulo para essa pressão. Meu voto está bem definido. Estou convicto pelo impeachment.
"Meu voto, pela dignidade, por aquilo que Minas Gerais representa, é sim. Viva o Brasil", foram as palavras do deputado em 1992. O que o senhor dirá em 10 segundos?
Minha declaração vai ser nessa linha: "Em nome do povo gaúcho, em nome do povo brasileiro, o meu voto é pela mudança, é pela esperança, é sim ao impeachment".
O senhor sente-se confortável em votar a favor do impeachment sendo um dos investigados no STF por suspeita de corrupção na Petrobras?
(Sinto-me) Absolutamente tranquilo, quem não deve não teme. Nada desabonou meu nome desde que fui citado neste processo. Já prestei esclarecimento e espero o arquivamento do processo.