Até agora, pelo menos sete deputados cujos votos estavam no radar do governo como favoráveis à presidente Dilma Rousseff mudaram de lado na última hora. No momento da votação, na noite deste domingo, em Brasília, eles disseram "sim" à continuidade do processo de impeachment.
Considerados "traidores" pelos governistas, os parlamentares pertencem a partidos como PR, PMDB e PDT. O caso que mais chamou atenção foi o do presidente do PR, deputado Alfredo Nascimento (AM). A sigla havia decidido ficar contra o afastamento de Dilma.
Ministro dos Transportes no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-ministro da gestão da atual presidente da República, ele surpreendeu ao renunciar à presidência do partido ao vivo.
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Em seguida, em discurso breve, disse que seu voto não era da sigla, nem do governo, nem dele. Nascimento, que deixou o ministério em 2011, após suspeitas de corrupção, disse que seu voto pertencia "ao povo do Amazonas".
Outro deputado do PR que votou a favor da continuidade do impeachment foi Fernando Giacobo, do Paraná – ele já havia manifestado a posição, mas teria sido persuadido nos últimos dias a não comparecer à votação, o que favoreceria o Planalto. Mudou de ideia.
Além de Nascimento e Giacobo, o deputado Tiririca (PR-SP) reforçou a ala do PR que deixou Dilma na mão. Ele vinha mantendo a posição em segredo. Ao ser questionado, repetia:
No PMDB, o deputado José Priante (PMDB-PA) também confirmou a decisão de votar contra Dilma na última hora. Ao longo de domingo, ele foi visto mais de uma vez entrando no Palácio do Jaburu, onde conversou pessoalmente com o vice-presidente Michel Temer.
O deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ), ligado ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, aliado de Dilma e de Lula, também decepcionou os governistas. Apesar disso, afirmou que "o PT não tem que nos chamar de traidores, tem que nos agradecer".
Até então, Priante estava no grupo dos indecisos. Pouco antes da votação, gravou um vídeo no qual anunciou a decisão, argumentando que estava "atendendo ao clamor da maioria do povo do Pará".
No PDT, a decisão do presidente da sigla, Carlos Lupi, de expulsar quem votasse pelo afastamento de Dilma, parece não ter surtido o efeito esperado. Exemplo disso foi a opção dos deputados Hissa Abrahão (PDT-AM) e Flávia Morais (PDT-GO).
Abrahão e Flávia fizeram mistério sobre a decisão até o fim e acabaram votando contra Dilma, tal como o deputado gaúcho Giovani Cherini, cuja escolha, no entanto, já era conhecida publicamente.
Em sua página no Facebook, Abrahão publicou um desabafo logo após sua manifestação no plenário. Disse que não divulgou o voto até aquele momento por ter trocado de partido recentemente. Ele seria candidato a prefeito de Manaus pelo PDT.