O suspeito preso pela Operação Lava-Jato em Porto Alegre, Antônio Cláudio Albernaz Cordeiro, prestou depoimento à Polícia Federal (PF) na quarta-feira, em Curitiba.
Apontado pelos investigadores como doleiro e um dos operadores do esquema de pagamento de propina mantido pela Odebrecht, Cordeiro afirmou que teve contato com outros investigados no esquema e que, por isso, teve o nome envolvido nas suspeitas.
Ele foi preso na terça-feira, em casa, na Vila Conceição, zona sul da Capital, na 26ª fase da Operação Lava-Jato, denominada Xepa. Conforme o novo advogado de Cordeiro, Antônio Tovo, foram feitos esclarecimentos à PF e a expectativa é de que a prisão temporária, que vence no sábado, seja revogada. Ele está recolhido à carceragem da PF em Curitiba.
_ Não entraremos em detalhes do depoimento por conta do sigilo das investigações, mas ele explicou que a partir de um contato pontual com alguns dos envolvidos teve o nome implicado no caso _ disse Tovo.
O advogado explicou ainda que o cliente já trabalhou no mercado financeiro, mas nos últimos anos se dedicou a sua empresa de equipamentos hospitalares, a Planitrade Assessoria Comércio e Representação Ltda.
Segundo a investigação da Lava-Jato, o "doleiro é pessoa relacionada a empresas offshores panamenhas". Cordeiro, que é engenheiro agrônomo e conhecido pelo apelido de Tonico, já foi investigado pela PF no Estado por crime contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro.
Ele foi citado como um dos operadores do esquema no depoimento de Maria Lúcia Guimarães Tavares, que era secretária na Odebrecht. Ela trabalhava no setor montado apenas para executar os pagamentos paralelos da empreiteira. A partir da delação premiada que ela fez, a Lava-Jato apurou detalhes do funcionamento de distribuição de propina.
Sobre Cordeiro, ela disse à PF: "Que (ela) se recorda do prestador Tonico em Porto Alegre, a declarante se recorda que era utilizado com menor frequência; Que mantinha contato com a pessoa de Antonio Claudio Albernaz Cordeiro, nome anotado em sua agenda".
No material apreendido pela PF constam planilhas com a identificação "Tonico", que seriam relacionadas à conta supostamente movimentada por ele para distribuir propina a mando da Odebrecht.