O relator dos processos da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Teori Zavascki, vai homologar a delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS). A informação, divulgada pela Globonews nesta quinta-feira à noite, teria sido confirmada ao jornal O Globo por outro ministro do Supremo.
De acordo com o Ministério Público Federal, a 24ª fase da Lava Jato, deflagrada na madrugada desta sexta-feira, na qual o ex-presidente Lula é alvo de mandado de busca e apreensão e de condução coercitiva, não tem a ver com a delação de Delcídio Amaral.
O senador divulgou uma nota na tarde dessa quinta-feira em que contesta o conteúdo da matéria publicada pela revista IstoÉ. De acordo com a reportagem, Delcídio teria dito em delação premiada que a presidente Dilma tentou atuar ao menos três vezes para interferir na Operação Lava-Jato por meio do Judiciário.
"Nem o senador Delcídio, nem a sua defesa confirmam o conteúdo da matéria", afirma a nota, que é assinado também pelo advogado Antonio Augusto Figueiredo Basto. "Não conhecemos a origem, tão pouco (sic) reconhecemos a autenticidades dos documentos que vão acostados no texto". A nota diz ainda que o esclarecimento se faz necessário "em respeito ao povo brasileiro e ao interesse público". "Esclarecemos que em momento algum, nem antes, nem depois da matéria, fomos contatados", afirmam. No fim, a nota destaca o "respeito e comprometimento" de Delcídio com o Senado.
De acordo com o jornal O Globo, Delcídio está em São Paulo desde o início da semana e teria recebido com irritação a notícia sobre o vazamento da delação premiada. O temor do senador e de seus defensores seria de que a divulgação dos trechos da delação ameaçasse a homologação do acordo com a Operação Lava-Jato, visto que uma das exigências do MP para aceitar a delação é o sigilo de acordo.
O vazamento da delação exaltou os ânimos também no Senado. Parlamentares teriam ficado irritados especialmente pelo trecho da reportagem que afirma que o acordo de delação só não teria sido homologado antes por conta de uma cláusula de confidencialidade de seis meses, exigida pelo senador. Segundo O Globo, senadores do PT e de outros partidos manifestaram vontade de levar a cassação de Delcídio adiante, afirmando que o ex-líder do governo está "morto e liquidado".
– Agora, esse processo vai andar, porque, sejamos francos, ele estava devagar, quase parando, num joguinho lento pela relação que ele tinha com o PMDB, o PSDB. Mas agora acelera – teria dito um senador petista à reportagem de O Globo.
Dirigentes do PT teriam afirmado também que o vazamento de trechos da delação deve acelerar o processo de expulsão do parlamentar do partido, que está com a filiação suspensa desde dezembro do ano passado.