As autoridades moçambicanas anunciaram a expulsão nesta quarta-feira de uma militante feminista espanhola, acusada de ter participado numa manifestação considerada "ilegal" para protestar contra a proibição de minissaias em certas escolas.
"Ao participar de uma manifestação ilegal, levando um grupo de crianças vestidas com uniformes escolares e gritando slogans contrários aos bons costumes da República de Moçambique, a cidadã Eva Anadón Moreno violou de maneira clara e manifesta a lei", afirmou a ordem de expulsão assinada pelo ministro do Interior, Jaime Basilio Monteiro.
"Nós decidimos pela expulsão da cidadã Eva Anadón Moreno", acrescentou.
Poucos minutos antes de ser expulsa, Eva Anadón Moreno manifestou que a decisão do governo era "uma mensagem clara para silenciar os estrangeiros, a sociedade civil, todo mundo".
"Estou sendo expulsa por participar de uma atividade que ocorreu perto de uma escola secundária que criticava o assédio sexual de meninas nas escolas", disse à AFP a militante de 34 anos, que vive em Moçambique há quatro anos.
A espanhola foi presa em 18 de março, com quatro outras ativistas, durante sete horas. Sua prisão ocorreu pouco antes da apresentação de uma peça de teatro de rua para criticar a decisão de várias escolas em Maputo para proibir as minissaias.
Desde o início de fevereiro, várias escolas de Moçambique decidiram proibir as minissaias para supostamente combater o assédio sexual, e agora exigem uniformes com saias longas, na altura dos pés.
"A escola não é um lugar para a moda", disse em 21 de março o ministro da Educação moçambicano, Jorge Ferrão.
Casos de assédio sexual e estupro são comuns em escolas moçambicanas, especialmente nas áreas rurais.
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