Três semanas se passaram desde que Jorge Washington Blanco levou um dos maiores sustos dos seus 55 anos de vida. Foi quando ele recebeu uma intimação para se apresentar à Justiça para uma audiência com o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as investigações da Lava-Jato em Curitiba, no Paraná.
Mas o capoteiro não tem nada a ver com a história. Deu azar de ter o mesmo nome de um executivo ligado ao Banco Schahin, chamado como testemunha de acusação do pecuarista José Carlos Bumlai, o amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Passado o susto e o papo tranquilo com o juiz e com promotores, por videoconferência, Jorge, que mora em Belo Horizonte, Minas Gerais, hoje dá gargalhadas ao contar a história. Ele conta que bateu um papo por telefone com Sérgio Moro depois da confusão ter se tornado pública.
Leia mais:
"Não consegui dormir", diz estofador chamado por engano para depor na Lava-Jato
Declarações por escrito de Lula não valem para defesa de Bumlai, diz juiz
Especialistas consideram excessivo pedido de prisão do ex-presidente Lula
Diário Gaúcho - Como foi a audiência com o Sérgio Moro?
Jorge Washington Blanco - Ele perguntou se eu já tinha trabalhado no (banco) Schahin, e eu disse que não. Ele percebeu o engano e virou para o promotor perguntando se ele tinha mais alguma pergunta para fazer. Aí, disse "tá encerrado". Só que o microfone da videoconferência ficou aberto, e eu escutei quando ele falou para os promotores "ele é capoteiro!", e começaram a rir. Eu "tava" muito nervoso, não sabia o que "tava" acontecendo. Mas para ele também foi uma surpresa.
Diário - O que faz um capoteiro?
Jorge - Sim! Aqui em Minas, é capoteiro. Como é aí? Eu arrumo o estofamento dos carros. Mas tá difícil, o serviço está meio parado. Não é só aqui, não, é o comércio em geral.
Diário - Aqui, é estofador de carros mesmo. Nesta semana, seu telefone não deve ter parado de tocar, devido à repercussão da história.
Jorge - Até o Moro me ligou anteontem (quarta-feira). Ele me pediu desculpa, perguntou "Como é que tá aí". Respondi: "apesar das gozações, tá tranquilo". Ele disse que ligou para dizer que foi um equívoco (a intimação). Ele é muito educado, muito bacana, perguntou se eu estava tranquilo, e eu respondi que a dor de cabeça passou. A única coisa que acontece é que ficam tirando sarro.
Diário - O pessoal está tirando muito sarro de você?
Jorge - Sim. Pessoal fala "capotaria de fachada", "capotaria da Lava-Jato", "me dá um dinheiro aí". Querem tirar dinheiro de onde não tem. Se tivessem me dado pelo menos um vinho...
Diário - O senhor acompanha o noticiário sobre a Lava-Jato?
Jorge - Quando eu chego em casa, dou uma olhada no jornal, pela televisão. É só o que eu sei.