Depois de muito entrave burocrático, o primeiro módulo do presídio de Canoas será inaugurado no dia 1º de março. O governo havia planejado a abertura de uma das alas até o dia 15, mas em reunião na tarde desta quarta-feira, o secretário de Segurança, Wantuir Jacini, bateu o martelo sobre a data da abertura.
O espaço tem capacidade para 392 presos e conta com área para trabalho e estudo. Outros três módulos, com acomodação superior ao primeiro, serão apresentados após receberem os locais de trabalho e estudo, já instalados no primeiro.
Segundo o secretário-geral de Governo, Carlos Búrigo, antes da abertura parcial, o Estado precisa realizar ajustes administrativos e assinar um protocolo de intenções com a prefeitura de Canoas. De acordo com Búrigo, as pendências envolvendo hospedagem, limpeza e saúde dos presos foram resolvidas, e o efetivo de agentes penitenciários foi acertado com a Susepe. Um scanner corporal também foi adquirido.
Para a prefeitura de Canoas, os presos poderiam ocupar o local já na próxima semana. Segundo o secretário da Segurança Pública de Canoas, coronel Adriano Klafke, os acordos com o governo do Estado foram firmados e o acesso ao presídio foi construído. Para a abertura total do prédio, além da assinatura do protocolo de intenções, a prefeitura exige a instalação de bloqueadores de celulares. O módulo 1 será inaugurado sem o aparelho que inibe ligações. Outra condição é que o efetivo da Brigada Militar de Canoas não seja realocado para a guarda do complexo prisional.
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O secretário Búrigo afirma que o aluguel dos aparelhos bloqueadores está sendo licitado, em valor aproximado de R$ 30 mil mensais, e descartou o uso da tropa da BM do município para o presídio. O documento com o acordo entre governo do Estado e Canoas será assinado nos próximos dias.
Desde a concessão da área para a construção do presídio, em 2013, o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, condicionava a entrega do terreno ao perfil do preso que fosse ficar no local. Conforme a administração municipal, a cadeia não poderá receber detentos de alta periculosidade nem grupos de uma mesma facção criminosa. O objetivo será desmontar a lógica dos bandos e não transformar o complexo em um "novo Presídio Central"
Construção do presídio vem desde o governo Yeda
- O complexo de Canoas é discutido desde o governo Yeda e, ao longo dos anos, passou por modificações de projetos. Em 2010, a construção, que acomodaria 3 mil presos, seria em regime de parceria público-privada (PPP), custaria R$ 160 milhões e ficaria pronta em fevereiro de 2012.
- Em 2011, o governador Tarso Genro abandonou a ideia da PPP e buscou recursos próprios para a obra, desta vez, orçada em R$ 122 milhões e acomodando 2,8 mil detentos.
- A Susepe ainda não tem o valor total gasto no complexo penitenciário. Por enquanto, o módulo 1, que será entregue daqui a duas semanas, custou R$ 17,9 milhões. A obra iniciou em junho de 2013 com recursos exclusivos do Estado.