Após ter sua prisão decretada pela Justiça Federal, o marqueteiro João Santana divulgou carta na qual disse ter renunciado ao seu cargo na campanha à reeleição do presidente da República Dominicana, Danilo Medina, do Partido de la Liberación Dominicana (PLD). No texto, ele afirmou existir um "clima de perseguição" no Brasil.
"Conhecendo o clima de perseguição que se vive hoje em meu país, não posso dizer que fui completamente surpreendido, mas, ainda assim, fica difícil de acreditar", diz o texto.
Leia mais
Santana, "el hacedor de presidentes"
Santana comprou passagem, mas não embarcou em voo para o Brasil
Lava-Jato investiga repasse de R$ 7 milhões para grupo de João Santana
O marqueteiro comenta no texto que a renúncia ao trabalho permitirá a ele "defender-se de acusações infundadas" e que se colocou à disposição das autoridades para esclarecer "qualquer especulação". A defesa de Santana mencionou que recursos recebidos por ele no Exterior são relativos a trabalhos executados fora do Brasil. O marqueteiro atuou nas campanhas da presidente Dilma Rousseff, em 2010 e em 2014, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
O advogado do marqueteiro, Fábio Toufic, informou na terça-feira ao juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro, que Santana e a mulher, Mônica Moura, estavam na República Dominicana a trabalho e que retornariam ao Brasil "nas próximas horas". Segundo a defesa, os dois se entregarão às autoridades assim que desembarcarem no país.
"Os peticionários tomaram conhecimento, na manhã de hoje (segunda-feira), de que foram alvo de fase ostensiva da Operação Lava-Jato. Como, no entanto, já informado em petição previamente protocolada perante este d. Juízo, encontram-se fora do País, a trabalho. Todavia, já agendaram seu imediato retorno ao Brasil, movimento que deve ocorrer nas próximas horas", afirmou a defesa. "Tão logo realizado o desembarque, apresentar-se-ão, imediatamente, às autoridades."
Embarque
No documento a Moro, o advogado negou que Santana tenha desistido de embarcar para o Brasil no domingo ao saber que seria alvo de mandado de prisão temporária. "É mentirosa e leviana a alegação veiculada em alguns periódicos na manhã de hoje (segunda-feira), de que teriam desistido de embarcar em voo que chegaria ao Brasil. O referido bilhete aéreo foi emitido pela agência de viagens há mais de uma semana por engano, tanto que cancelado no mesmo dia. Perversa, portanto, qualquer relação que se queira fazer entre esse fato e a operação deflagrada."
A compra da passagem de retorno de Santana ao Brasil foi monitorada pela Polícia Federal. O marqueteiro e sua mulher não embarcaram no domingo em voo que partiu da República Dominicana com destino ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Segundo investigadores, o voo registrou "no show" – quando o passageiro não comparece para o embarque.
A defesa pediu a Moro medidas para evitar que haja "odioso espetáculo público" na chegada do casal ao país. Ele e a mulher voltam ao Brasil nesta quarta-feira.