O ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), acredita que o governo federal poderia ter adotado medidas para amenizar os efeitos da atual crise econômica. Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta sexta-feira (05), ele exaltou as mudanças realizadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas fez críticas à presidente Dilma Rousseff.
– A presidente Dilma fez um primeiro governo de continuidade e consolidação, mas deveria ter tomado algumas medidas lá no início para que nós estivéssemos mais preparados para enfrentar esta crise financeira que deixou de ser uma marolinha, é uma 'marolona' –disse Tarso.
A comparação com o fenômeno climático ocorre desde 2008, quando Lula comentou a crise em que estavam os EUA.
– Lá ela é um tsunami; aqui, se ela chegar, vai chegar uma marolinha que não dá nem para esquiar– afirmou o presidente à época.
Tarso, que foi ministro da Justiça e da Educação no governo de Lula, também comentou as suspeitas de envolvimento do ex-presidente no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava-Jato.
– Por toda minha experiência com Lula, eu acredito na honestidade pessoal dele, mas acho que tanto ele como qualquer pessoa que sai do governo ou tem algum contencioso, pode ser investigado– sustenta.
Questionado sobre o desgaste do PT no país, Tarso defendeu uma reorganização da sigla. Ele prega, inclusive, um rompimento da aliança do partido com o PMDB no Rio de Janeiro para as eleições deste ano. Após deixar o Palácio Piratini, Tarso intensificou o contato com políticos de partidos de esquerda na capital fluminense.
– A tendência do partido é apoiar o candidato Eduardo Paes, há um grande movimento de fazer uma dissidência se isso ocorrer, apoiando outro candidato (de esquerda) – defende.
Sobre a polêmica em que se envolveu nesta semana após uma publicação no Twitter, Tarso diz que foi mal interpretado. No último domingo (31), ele postou: “A mídia faz de Lula o judeu da década, como os nazis fizeram deles e comunas os alvos do seu ódio à democracia social. É só ler. Weimar”.
Após manifestações de representantes da comunidade judaica, o ex-governador disse que é uma insensatez a comparação com a morte de 6 milhões de judeus. Segundo ele, ao declarar que Lula era o “judeu da vez”, estava se “referindo claramente às perseguições anteriores ao Holocausto“.
Na entrevista, Tarso ainda criticou o que chama de “midiatização do processo penal”. Para o ex-governador, a Polícia Federal está “atuando e avisando a imprensa de forma seletiva sobre diligências que vai fazer”. Ele afirmou ainda, os inquéritos se direcionam para a figura de Lula, e não para outros investigados.