Sem a presenca do réu, foi realizada na manhã desta quarta-feira, na Primeira Vara do Júri da Capital, a primeira audiência do processo judicial referente à chacina ocorrida na Restinga, em agosto do ano passado.
Claudiomar do Nascimento da Rosa, 24 anos, é acusado de matar a ex-companheira, a mãe dela, o filho dela e uma sobrinha. Ele está preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Sua ausência foi solicitada pela defesa. Pelo menos 25 testemunhas deverão ser ouvidas na audiência.
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De acordo com as conclusões da polícia e com a denúncia do MP, inconformado com o fim do relacionamento, Claudiomar matou sua ex-companheira, Lauren Fim, 26 anos, a mãe dela, Sandra Regina Fim, 64 anos, o filho dela, Gregory Fim, seis anos, e a sobrinha dela Vitória Fim, 17 anos.
A ausência do réu criou sentimentos contrários na irmã de Lauren, Dariane Fim, que foi a audiência.
– Queria olhar na cara dele. Ao mesmo tempo, é bem difícil, pois terá lembranças horríveis daquela cena de crime. Tem dois dos meus irmãos que passaram a tomar antidepressivos depois daquela tragédia. Queremos só justica.
Claudiomar nega o crime e diz não esteve no local.
As provas
Segundo o Instituto Geral de Perícias (IGP), um pacote de aveia (foto) foi a prova definitiva para determinar a presença de Claudiomar na casa no momento do crime. Na caixinha de papelão, foram encontradas as digitais de dois dedos. A caixa teria sido usado pelo suspeito para dar início ao fogo no quarto e na cozinha para tentar apagar as provas do crime.
Logo depois de atear fogo, segundo a polícia, Claudiomar saiu da casa. Os vizinhos acionaram os bombeiros que apagaram o incêndio. Em meio ao material queimado, a polícia encontrou o pacote, que não estava completamente destruído, o que possibilitou a análise das digitais.
Além disso, Claudiomar postou em uma rede social uma mensagem encarada como ameaça pelos investigadores da 4ª DHPP, responsável pelo inquérito. Dizia: "Vai ter o que merece". A resposta de Lauren veio na forma de medo, em outra postagem horas depois. O casal havia terminado um relacionamento e, há dois meses, Lauren havia se mudado com a família para a casa da Alameda G. Ela nunca registrou ocorrência policial por ameaças.
As vítimas
Sandra Regina Fim, 63 anos
Mãe de cinco filhos, dentre eles, Lauren, dedicava a maior parte do tempo à família. Natural de Porto Alegre, foi enfermeira na Santa Casa e em clínicas particulares e, no momento, estava aposentada. Nas últimas férias de julho, passou cerca de uma semana com o neto Gregory em Bento Gonçalves na casa de um dos filhos, que viajou a Porto Alegre assim que foi informado do crime.
Lauren Fim, 28 anos
Mãe dedicada, fazia tudo para agradar o filho, Gregory, segundo a ex-cunhada Isabel Silva. Trabalhava como atendente em uma loja do aeroporto Salgado Filho. Conforme Isabel, mantinha um bom relacionamento com o pai da criança.
Vitória Fim Rodrigues, 17 anos
A jovem, que faria 18 anos neste domingo, era neta de Sandra. Trabalhava há dois anos em uma lanchonete de um shopping na Zona Sul e havia sido promovida a gerente. Morava com a tia Lauren no local há dois meses e, juntas, compravam itens para mobiliar a casa.
Gregory Fim, 6 anos
Apaixonado por videogame e pelo Homem-Aranha, o menino era filho de Lauren e completaria 7 anos no próximo dia 18. Para comemorar a data, Lauren e Isabel, irmã do pai do menino, planejavam levá-lo ao cinema para assistir Minions e depois cantariam parabéns com um bolo. A avó já havia comprado a roupa para o menino usar no dia.