De 2014 até esta segunda-feira, foram registradas 48 ocorrências de violência envolvendo postos de saúde no Estado, sendo 22 delas em Porto Alegre. O levantamento é do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers). Só em 2015, foram 33 casos. O último ocorreu nesta segunda-feira, na Unidade Básica de Saúde da Vila Cruzeiro, na Capital.
Traumatizado pela violência, o ginecologista assaltado em meio a uma consulta na Unidade Básica de Saúde Vila Cruzeiro, na zona sul de Porto Alegre, está afastado do trabalho por orientações médicas. Com medo de represálias, ele não quer falar sobre o ataque e tenta se refazer do susto longe do consultório.
O crime ocorreu em plena luz do dia, às 9h de segunda-feira, quando o profissional atendia a uma gestante acompanhada do marido. O assaltante entrou no prédio sob o pretexto de usar o banheiro. A ação levou menos de cinco minutos.
Armado, o criminoso foi direto para a sala onde ocorria o atendimento, caminhou até o obstetra e apontou o revólver para a cabeça dele. A paciente e o marido ficaram paralisados. Em seguida, o rapaz ordenou que o médico entregasse a carteira e o telefone celular e deixou a sala. Não houve reação.
Antes de sair do prédio, segundo relato de testemunhas, o assaltante teria feito ameaças ao ginecologista, dizendo que o conhecia. O bandido seria morador da região, e sua família seria inclusive atendida no local. Foi o suficiente para apavorar o obstetra. A identidade do profissional está sendo preservada para mantê-lo em segurança.
O presidente do Simers, Paulo de Argollo Mendes, defende reforço na segurança dos postos de saúde de Porto Alegre, com a instalação de câmeras de vigilância e a presença de guardas municipais armados – pelo menos dois em cada posto. A inclusão dos postos no videomonitoramento, segundo Mendes, vem sendo pedida desde novembro. O Simers também reivindica a instalação de botões antipânico nas unidades.
No fim da tarde, a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal da Segurança divulgou nota oficial. A nota informa que não cabe à Guarda Municipal à instalação de câmeras, apenas o monitoramento. Sobre botão antipânico, informa que "estamos instalando o novo software com maior capacidade de reposta". A previsão da instalação, conforme a nota, "é ainda para o primeiro semestre de 2016".
Sobre a permanência de dois guardas fixos, o texto afirma que a Guarda Municipal "já realiza o patrulhamento em todos os postos de saúde do município e irá intensificar as rondas" e que "seria inviável" manter dois agentes fixos em cada posto, "pois atendemos 150 postos numa escala de 12 por 36 horas". Com isso, "seriam necessários mais 1.350 guardas municipais", sendo que existem "497 agentes que têm como atribuição atender também 593 setores da prefeitura, entre escolas municipais, postos de saúde, parques e praças e outros setores públicos".
OS CASOS DE VIOLÊNCIA
Levantamento do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) indica um crescimento dos ataques contra postos de saúde, ambulatórios e hospitais entre 2014 e 2015.
2014: 14 ocorrências
Oito em Porto Alegre, duas em Canoas, uma em São Leopoldo, uma em Guaíba, uma em Viamão e uma em Santa Maria.
2015: 33 ocorrências
22 em Porto Alegre, três em Novo Hamburgo, uma em Venâncio Aires, uma em Santo Ângelo, uma em São Marcos, uma em Cachoeirinha, uma em Iraí, uma em Rio Grande, um em São Leopoldo e um em Esteio.
2016: 1 ocorrência
Em Porto Alegre, na Unidade Básica da Vila Cruzeiro.
Total nos três anos: 48 ocorrências