Um mês depois de ter criticado publicamente o governo José Ivo Sartori, o presidente do Tribunal de Justiça do Estado (TJ), José Aquino Flôres de Camargo, voltou ao Palácio Piratini na manhã desta quarta-feira em "missão de paz". Recebido pelo governador em exercício, José Paulo Cairoli, Camargo foi se despedir e "mostrar que as relações foram muito boas". Ele deixa o cargo em fevereiro.
Em 25 de dezembro, o desembargador publicou nota oficial no site do TJ que estremeceu as relações com o Executivo. Além de criticar a convocação extraordinária da Assembleia no fim do ano – classificada como "duvidosa" –, Camargo reclamou do tratamento dispensado ao projeto que reajusta os vencimentos dos servidores do Judiciário.
Dois dias depois, o Piratini rebateu as críticas com outra nota, em tom mais ameno, pedindo unidade e olhar pelo bem comum. Indiretamente, o governador sugeriu que o Judiciário não deveria colocar os seus interesses acima dos da sociedade e dos outros poderes. Até hoje, o aumento das remunerações segue em banho-maria.
Nesta quarta-feira, Aquino subiu as escadarias do palácio pouco depois das 11h, acompanhado do terceiro vice-presidente, Francisco José Moesch. Como Sartori está de férias, ele foi recepcionado por Cairoli. A conversa durou 20 minutos. Na saída, o desembargador deixou claro que a visita foi uma cortesia e que não houve espaço para discussões ou tensão.
– Viemos nos despedir protocolarmente e mostrar que nossas relações foram muito boas, excelentes. Foi bom para o Estado. Houve desencontros? Houve, mas isso é natural na política – disse Camargo.
O chefe do Judiciário afirmou que o reajuste preterido e as críticas à lei de responsabilidade fiscal estadual não entraram em pauta, porque "não era o momento para isso".
Decidido a evitar polêmica, destacou que "não existe nenhuma desavença" com o governo, apenas "divergências de visão". Na avaliação dele, o Judiciário foi "solidário" ao Piratini e ajudou o Estado a enfrentar a crise nas finanças. Cairoli não comentou a visita.
A trégua na troca de farpas antecede a posse do novo presidente do TJ, Luiz Felipe Silveira Difini, eleito em dezembro. A cerimônia está marcada para o dia três de fevereiro.