O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), articula o lançamento de mais um candidato para disputar a liderança do PMDB na Casa. Trata-se de uma estratégia do parlamentar para dificultar a reeleição ao posto de Leonardo Picciani (RJ), que se distanciou de Cunha a partir de outubro, após se aproximar do Planalto. Cunha já teria comunicado a proposta ao vice-presidente da República, Michel Temer, que nega interferência na disputa.
Segundo interlocutores, a ideia do presidente da Câmara é lançar como candidato um deputado do PMDB considerado "governista" e que não seja da bancada do Rio de Janeiro nem de Minas Gerais. Por estratégia, o parlamentar pretende manter o nome do candidato em sigilo até o dia em que se encerra o prazo para registro de candidaturas – 25 de janeiro.
A articulação de Cunha ocorre em meio à divisão da bancada do PMDB de Minas em relação à disputa pela liderança do partido e pode fazer com que Picciani tenha até três adversários. Isso porque os mineiros Leonardo Quintão e Newton Cardoso Júnior também querem disputar o posto. Na bancada mineira, há ainda o deputado Mauro Lopes, que deve assumir a Secretaria de Aviação Civil, em troca de apoio a Picciani.
"Bastidores"
Apesar das movimentações para prejudicar a reeleição do atual líder da sigla, Cunha disse a aliados que evitará dar apoio público a candidatos à liderança do PMDB na Câmara, bem como à presidência nacional da sigla. Investigado e denunciado pela Operação Lava-Jato, o peemedebista pretende atuar apenas "nos bastidores" para não "contaminar" as candidaturas que apoia com as denúncias contra ele.
O grupo de Picciani minimizou a articulação do presidente da Câmara. A avaliação é de que isso demonstra "fragilidade" e "dificuldade" da ala contrária ao deputado fluminense de encontrar um candidato de "consenso". A aposta é que, no fim, a disputa ficará entre Picciani e apenas um adversário.
Para o grupo do PMDB ligado ao atual líder do partido na Casa, a articulação pode ser apenas um blefe do presidente da Câmara. Peemedebistas aliados a Picciani sustentam que não há na bancada ninguém "verdadeiramente governista" para se contrapor ao deputado fluminense, e uma movimentação nesse sentido seria rapidamente desarmada pelo Planalto.