Ainda que a prefeitura de Porto Alegre tenha apelado para que a população não tente remover por conta própria as árvores e os galhos caídos nos pátios e nas vias, o que se via pela Capital, durante toda a manhã deste sábado, era gente correndo atrás do prejuízo.
Sem poder sair ou voltar para casa de carro, alguns moradores do bairro Rio Branco se juntaram para remover a grande árvore que bloqueava a via na esquina com a Rua Cabral. Mais adiante, chamava a atenção um vistoso carro vermelho debaixo de uma grande árvore, em plena Protásio Alves. Getúlio Rangel, 58 anos, o dono do veículo, começava a planejar os passos para tirar a árvore do local, chamar o seguro e, então, poder encaminhar o conserto.
– A chuva começou de repente. Entrei em um bar, junto com outras pessoas, para me proteger. Ouvi um barulho que parecia ser um acidente de carro. Só uma hora depois, quando o tempo acalmou, é que pude sair e vi que a árvore tinha caído sobre meu carro – conta.
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Na rota do temporal, várias ruas do bairro Bela Vista estavam parcialmente bloqueadas por árvores caídas. Era o caso da Luiz Manoel Gonzaga e, mais adiante, a Tomás Gonzaga. Na última, uma árvore caiu ao lado do muro do Colégio Anchieta, levando fios de energia elétrica. Moradores relataram preocupação sobre se os equipamentos podiam ou não estar energizados. Na dúvida, pouca gente se arriscou a passar perto.
Na rua Jaime Telles, no bairro Petrópolis, Ana Piedade, 51 anos, e o marido, Luiz, 53, davam um jeito de limpar o que podiam nas janelas e no ar-condicionado que, na noite anterior, haviam sido atingidos por uma árvore.
– Tomamos um susto. Quando caiu, pegou em várias janelas, quebrou vidros e, então, tombou para o lado, trancando a garagem. De carro, ninguém sai do prédio. Ligamos, mas não há previsão para retirarem – explica Luiz.
A vizinha, Nubia Rolim, 68 anos, conta que há três anos tem um pedido protocolado na prefeitura para poda da árvore que caiu:
– Sempre que ventava, ela estalava. Era uma tragédia anunciada. Ainda bem que não pegou em ninguém.
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Considerada a rua mais bonita da cidade, a Gonçalo de Carvalho causava espanto em que tentava acessá-la. De uma ponta a outra, moradores olhavam incrédulos para a destruição. Ivone Diehl, 81 anos, era uma delas.
– Moro aqui há 41 anos e nunca vi uma coisa como essa. A rua está um caos. Já abri um protocolo sobre os galhos que tocam nas janelas, mas nunca recebi retorno. Durante o temporal, era o barulho deles batendo nos vidros era muito alto.
Pelo menos 30 árvores foram danificadas na Gonçalo. Por volta das 10h, a prefeitura já iniciava a limpeza da via.