Na primeira coletiva depois da nova fase da Lava-Jato, batizada de Catilinárias, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) negou a possibilidade de renunciar à presidência da Câmara, defendeu que o PMDB deixe, rapidamente, o governo Dilma Rousseff e questionou o trabalho da Procuradoria-Geral da República (PGR).
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- Estou dizendo desde março que eu fui escolhido para ser investigado. Sou o desafeto do governo, todos sabem disso, e me tornei mais desafeto ainda à medida que dei curso ao processo de impeachment. Nada mais natural que eles vão buscar o seu revanchismo - declarou.
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Os mandados de busca e apreensão da Catilinárias foram cumpridos na residência oficial da presidência da Câmara, atualmente ocupada por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em Brasília, e ainda nos endereços do parlamentar no Rio de Janeiro e no gabinete da presidência da Câmara. Cunha minimizou a apreensão de celulares e papéis e disse que as buscas ocorreram sem problemas.
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- Já tinha dito, há quatro ou cinco meses atrás, que acordo às 6h horas da manhã, minha porta está aberta e não tenho nenhum problema com relação a isso - enfatizou.
Cunha questionou o fato de a operação ter sido realizada poucas horas antes da sessão do Conselho de Ética, que deu continuidade ao seu processo por quebra de decoro, e no dia anterior ao julgamento do rito do impeachment no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele disse que tem alguma "coisa estranha no ar".
- Estranho a gente estar em um momento, no dia em que vai ter o Conselho de Ética, às vésperas da decisão do processo de impeachment (no STF) e, de repente, deflagram uma operação de uma forma um pouco estranha - avaliou Cunha. - A gente sabe que o PT é o responsável por esse assalto que aconteceu no Brasil, o assalto da Petrobras.
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O presidente da Câmara afirmou, ainda, que a operação diminuiu o espaço no noticiário de fatos ligados ao PT, como o depoimento no qual o pecuarista José Carlos Bumlai admitiu fraude em um empréstimo de R$ 12 milhões que teria sido usado para quitar dívidas de campanha do PT.
- Não me parece que ninguém do PT, que tenha o foro que eu tenho, é sujeito a algum tipo de operação. Só são sujeitos até agora aqueles que não são do PT - reclamou Cunha, que já foi denunciado pela PGR no STF.
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Questionado sobre a renúncia, boato espalhado ao longo da manhã, o presidente disse que não havia "a menor hipótese". Cunha também defendeu o fim da aliança entre PT e PMDB.
- O PMDB tem de decidir rapidamente sua saída desse governo.
Entre os objetivos da Operação Catilinárias está a coleta de provas que apuram se o peemedebista cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os ministros Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Henrique Eduardo Alves (Turismo), ambos do PMDB, também foram alvos da operação.
*Zero Hora