Os depoimentos de três testemunhas de defesa do deputado Mário Jardel (PSD) ao corregedor da Assembleia, Marlon Santos (PDT), provocaram, nas palavras do pedetista, uma "minirreviravolta" na investigação sobre a suposta quebra de decoro parlamentar do ex-atleta.
Nesta quinta-feira, ex-funcionários de Jardel falaram a Marlon por mais de seis horas e reforçaram a tese dos advogados do parlamentar de que ele teria sido vítima de uma armação. Durante a primeira oitiva, de Cristian Lima, o corregedor solicitou à equipe de segurança do Legislativo uma varredura em busca de escutas ambientais e câmeras nos gabinetes do deputado e da bancada do PSD.
Desembargador reverte decisão que suspendia mandato de Jardel
Marlon, que no início da semana chegou a classificar como "irrefutáveis" as provas contra Jardel, disse agora que "há fortes indícios de armação".
- Há contraprovas robustas para várias situações apontadas pela investigação do Ministério Público. Solicitei o fechamento imediato do gabinete do deputado porque há fortes indícios de que a Assembleia está sendo ultrajada com a instalação de grampos - afirmou no intervalo de um dos depoimentos.
Testemunhas de defesa de Jardel falarão nesta quinta à corregedoria
Em uma das salas da bancada do PSD, um aparelho de gravação foi encontrado durante a vistoria e será periciado por técnicos da Assembleia. Além dos depoimentos, o advogado de Jardel, Amadeu Weinmann, levou à reunião reproduções de conversas via WhastApp que caracterizariam a suposta armação. Questionado sobre como seria o golpe invocado pela defesa do parlamentar, o corregedor disse que ainda não poderia dar detalhes, mas garantiu que foram citados nomes de políticos ligados ao comando do PSD. Essas pessoas, segundo os relatos, teriam interesse na queda do deputado do cargo.
Além de Cristian Lima, Demétrio Tafras e Natasha Gostinski prestaram depoimento ao corregedor. Segundo a investigação do Ministério Público, Demétrio seria um dos servidores que entregava parte do salário ao parlamentar.
A exemplo do que vem ocorrendo desde a deflagração da Operação Gol Contra, que investiga Jardel por crimes como concussão, peculato, lavagem de dinheiro, falsidade documental e financiamento ao narcotráfico, ele evitou falar com a imprensa. Havia expectativa de que o corregedor finalizasse o relatório sobre o caso até a terça-feira, mas Marlon afirma que o surgimento de novas provas deve adiar a entrega do documento para o dia 22.