Com o nível do Rio Quaraí baixando 30 centímetros por hora e a quinta-feira sem chuva na Fronteira Oeste, a Ponte Internacional da Concórdia, que liga o Brasil ao Uruguai por Quaraí e Artigas, foi reaberta para a circulação de pedestres e veículos às 15h.
A estrutura foi interditada quando o rio bateu a marca dos 14 metros, considerada limite para a segurança local. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) vai analisar uma possível rachadura, de cerca de 20 centímetros, constatada na pista.
O Rio Quaraí chegou a 15 metros e 28 centímetros, a maior alta já registrada pelos órgãos públicos. Isso fez com que 450 famílias - cerca de 3 mil pessoas - tivessem de deixar as casas às pressas e procurar abrigos na cidade.
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Em cinco dias, foram registrados 400 milímetros de chuva no município, que assinou um decreto de situação de emergência. Outras cidades, como Uruguaiana, Itaqui, São Borja e Barra do Quaraí, também foram afetadas. Há pelo menos 6,5 mil pessoas desalojadas ou desabrigadas na Fronteira Oeste.
- Partiu da aduana uruguaia o pedido de fechar a ponte, porque lá é mais baixo e alagou primeiro. A Brigada Militar nos ajudou a fechar o lado brasileiro, e barramos 100%. Pela madrugada, algumas pessoas se arriscaram e cruzaram, por conta e risco - afirma Roger Andrada, 32 anos, analista da Receita Federal em Quaraí.
Tão logo a ponte foi aberta, dezenas de brasileiros e uruguaios atravessaram a fronteira apressados. Alguns, como o aposentado Hector Capo, 76 anos, se deslocaram para Quaraí porque o alimento é mais barato.
- Vou buscar dois pollos (frangos), porque no Uruguai está caro. Todo mundo hoje quer comer, ficar junto com a família, é um dia muito especial. Eu agradeço bastante porque parou de chover e a água baixou. Foi a maior enchente que presenciei. Ontem, me compadeci com várias pessoas que perderam tudo em Artigas - relata Capo.
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Outros, como o casal de uruguaios Jorge Antonio Machado, 52 anos, e Nelia Gerez, 40 anos, corriam com sacos de supermercado para preparar a ceia.
- Deu para buscar fermento para fazer panetone. No Uruguai está bem feito, muita gente que não esperava que o rio chegasse como chegou a lugares impensáveis - relatou Machado.
Até agora, a prefeitura de Quaraí calcula pelo menos R$ 4 milhões em prejuízos. Além de desalojar os moradores, a chuva provocou a morte de animais e trouxe danos a todas as plantações de arroz das várzeas dos arroios da cidade. A prefeitura está distribuindo alimentos e água para os moradores, além de brinquedos para crianças mais carentes. Houve problemas de abastecimento de água, luz e internet. Um grupo de moradores se mobilizou para celebrar o Natal à noite na rua e nos abrigos.
* Zero Hora