O aparelho supostamente encontrado na bancada do PSD na Assembleia Legislativa, na semana passada, é um modulador de áudio, o que não caracteriza crime de escuta ilegal. A informação foi repassada pelo corregedor da Casa, deputado Marlon Santos (PDT), após varredura realizada por peritos do Departamento de Inteligência da Secretaria de Segurança ocorrida nesta terça-feira.
Na quinta-feira da semana passada, a defesa do deputado Mário Jardel (PSD), investigado pelo Ministério Público por desvio de dinheiro público, apresentou ao corregedor um equipamento, o que indicaria a existência de grampo ilegal. Segundo o advogado do parlamentar, o aparelho estava na sala da bancada do partido.
Conforme o corregedor, o modulador de áudio costuma ser usado de forma "artesanal" para realizar grampo ilegal, pois ajuda a equalizar o som e a não deixar transparecer ao grampeado que está sendo feita uma gravação da conversa. No entanto, não tem capacidade de armazenar dados e, por isso, não existe prova de que o aparelho foi usado contra Jardel e seu gabinete.
- Como não tem nada dentro para eu ouvir, isso não me diz nada. É muito fácil alguém pegar um aparelho desses, dizer que foi achado lá, sendo que não se tem vídeo, foto nem nada que comprove que estava lá antes - avaliou Santos.
- Soa mais como uma criação de fatos - acrescentou.
A versão é oposta ao que o corregedor disse na semana passada, quando classificou que equipamento indicava "fortes indícios de armação" contra Jardel.
Antes de descartar a suspeita, o corregedor espera, ao longo desta quarta-feira, por um parecer técnico que deve ser encaminhado pela perícia. Caso os especialistas não encontrem provas que remetam a escutas, Santos diz que deve descartar o equipamento da apuração.
O gabinete de Jardel está lacrado desde quinta-feira passada, depois que a Corregedoria recebeu o a denúncia de grampo ilegal. O deputado é investigado por crimes como concussão, peculato, lavagem de dinheiro, falsidade documental e financiamento ao narcotráfico, alvo da Operação Gol Contra, do Ministério Público.
Na Assembleia, ele responde ao processo por quebra de decoro parlamentar. Nesta quarta-feira, corregedor pretende visitar três locais indicados na denúncia do MP - serão as últimas diligências da investigação. O relatório final deve ser concluído até a próxima terça-feira, determinando o andamento do processo, que pode culminar na cassação de Jardel, ou o arquivamento das denúncias.