O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria dos ataques que deixaram ao menos 129 mortos na sexta-feira, em Paris. Em comunicado publicado na internet em duas versões, em árabe e em francês, o grupo afirmou que os ataques de Paris seriam uma resposta aos "bombardeios contra os muçulmanos em terras do califado", um termo geralmente utilizado para designar as regiões do Iraque e da Síria controladas pelo EI.
"Que a França e aqueles que seguem seu caminho saibam que permanecerão entre os alvos do Estado Islâmico", acrescentou a organização extremista sunita.
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A França, que participa de uma coalizão internacional, realiza ataques aéreos contra os jihadistas no Iraque e na Síria. O atos da sexta-feira são os mais mortais dos últimos 40 anos na Europa, ao lado dos atentados lançados em 11 de março de 2004, em Madri.
Confira o mapa dos ataques:
Vários países prestaram homenagens às vítimas:
Reportagem do jornal The Guardian divulgada neste sábado indica que a França tem sido o mais ativo da coalizão militar liderada pelos Estados Unidos para neutralizar posições do grupo extremista na Síria. No início desta semana, caças franceses atacaram, por exemplo, instalações de gás e petróleo dominadas pelo Estado Islâmico em Deirez-Zor. A estratégia é minar a infraestrutura terrorista e uma de suas principais fontes de receita. O presidente francês, François Hollande, anunciou o deslocamento do porta-aviões Charles de Gaulle para o Golfo Pérsico para dar suporte à ofensiva.
O primeiro ataque francês contra a milícia foi em setembro. Em outubro, aviões franceses bombardearam um campo de treinamento na cidade de Raqqa, uma espécie de capital do califado que o Estado Islâmico diz ter instaurado na região.
Embora o governo francês tenha negado que buscava alvos específicos, o jornal Le Monde publicou que o ataque tinha o objetivo de matar Benghalem Salim, 35 anos, guerrilheiro responsável por cooptar cidadãos franceses para integrar as fileiras do grupo. Cerca de 600 franceses teriam se juntado ao Estado Islâmico nos últimos anos.
No total, segundo o Guardian, a França teria realizado mais de 271 ataques aéreos contra a Síria. Os caças utilizados são os Rafale estacionados em base nos Emirados Árabes Unidos e os Mirage 2000, que partem da Jordânia.A França foi o primeiro país a se juntar à coalizão liderada pelos americanos, o que torna o país o alvo número 1, mais vulnerável e mais próximo para a vingança dos fanáticos do Estado Islâmico.
Mais cedo, o presidente francês, François Hollande, havia dito que o grupo orquestrou o pior ataque na França desde a Segunda Guerra Mundial e prometeu revidar. O presidente declarou três dias de luto nacional e colocou a segurança da nação em seu nível mais alto. Ele disse que a França "vai ser implacável para com os bárbaros do Estado Islâmico":
- A França vai agir por todos os meios em qualquer lugar, dentro ou fora do país.
A França já está bombardeando alvos dos extremistas na Síria e no Iraque e tem tropas lutando com extremistas na África. Há dois anos, participa da coalizão antijihadista que luta contra o Estado Islâmico no Iraque e, em outubro, estendeu os bombardeios aéreos à Síria, país em guerra desde 2011. Desde 2014, o EI controla uma ampla faixa de território entre os dois países.
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Os atentados, cometidos quase simultaneamente a partir das 21h20min (18h20min de Brasília) de sexta-feira, também deixaram 300 feridos, 80 deles em estado grave. Oito criminosos morreram nos ataques e, segundo o procurador-geral de Paris, François Molins, cúmplices ou coautores dos ataques podem estar soltos.
Pelo menos 82 pessoas morreram na casa de espetáculos Bataclan, lotada com quase 1,5 mil espectadores quando os terroristas invadiram o local durante a apresentação do grupo americano Eagles of Death Metal.
Vídeo mostra fuga no momento do tiroteio em casa de espetáculos:
- Dois ou três indivíduos sem ter o rosto coberto entraram com armas automáticas do tipo kalashnikov e começaram a atirar aleatoriamente contra o público. Isso durou uns 10, 15 minutos. Foi extremamente violento e houve uma onda de pânico - relatou um apresentador da rádio Europa 1, Julien Pearce, que estava no local.
Outra testemunha afirmou à emissora France Info que um dos atiradores gritou "Alá Akbar" (Deus é grande) antes de abrir fogo. Os autores do ataque citaram a intervenção francesa na Síria para justificar as ações, disse uma testemunha à AFP.
- Eu ouvi quando eles falaram claramente aos reféns: "A culpa é de Hollande, a culpa é do seu presidente, não tem motivo para intervir na Síria" - declarou à AFP Pierre Janaszak, 35 anos, que estava no Bataclan.
* AFP