O médico Leandro Boldrini forneceu material genético para ser confrontado com o recolhido nas unhas da ex-mulher Odilaine Uglione, morta em 2010, em Três Passos. Ele foi interrogado, na condição de investigado pelo crime, por oito horas na quinta-feira, em Charqueadas - cidade onde está preso por suspeita de participação no homicídio do filho, Bernardo, em abril do ano passado.
Titular da 2ª Delegacia de Santa Rosa, o delegado Marcelo Mendes Lech disse que Boldrini concordou em conceder o material que, agora, será analisado pelo Instituto Geral de Perícias (IGP). Não há prazo para apresentação dos resultados.
Vídeos mostram relação de conflito entre Bernardo e o pai
Leia todas as notícias sobre o Caso Bernardo
- Caso o material coletado embaixo das unhas de Odilaine tenha material genético de Boldrini, pode se denotar que houve um contato físico - aponta Lech.
Os restos mortais de Odilaine, enterrada em Santa Maria, foram exumados em agosto deste ano (os resultados ainda não foram entregues à Polícia Civil). O inquérito sobre a morte da enfermeira foi reaberto em maio pela Justiça, depois de a família sustentar que ela teria sido assassinada, embasada em uma série de perícias particulares. À época da morte, o caso havia sido encerrado como suicídio.
Essa foi a primeira vez que Boldrini depôs sobre a morte da ex-mulher desde a retomada da investigação. Há um mês, a esposa do médico, Graciele Ugulini, falou à polícia sobre o caso. Lech não informou o teor dos depoimentos do casal. A defesa de Boldrini confirmou o depoimento e disse que o médico se propôs a fornecer o material genético.
O delegado acrescentou que Edelvânia Wirganovicz, também ré no processo sobre o homicídio do menino Bernardo, será chamada para depor na investigação sobre a morte de Odilaine. Em entrevista a ZH na quarta-feira, Edelvânia afirmou que Graciele lhe confidenciou que a família pagou "uma grande quantia em dinheiro" para que a delegada responsável pelo inquérito à época, Caroline Bamberg, arquivasse o caso. A delegada rechaça a acusação.
Edelvânia ainda afirmou que tem mais informações sobre a morte da mãe de Bernardo, mas que só irá revelá-las no dia do júri, por medo. Até então, a polícia não tinha intenção de convocar a acusada para depor.
Um ano depois, morte do menino Bernardo mobiliza milhares de pessoas pelo Brasil
As falhas na rede de proteção que não salvou Bernardo Boldrini
Como surgiu um quarto suspeito no Caso Bernardo
"Eu não fiz por querer, nunca quis", diz Graciele sobre morte de Bernardo
- São informações importantes. Acredito que ela (Edelvânia) deva ser ouvida no inquérito que apura as circunstâncias da morte de Odilaine, o que deve implicar em novas oitivas, inclusive da Graciele, que deve ser inquirida novamente nesta contraposição ou, até mesmo, em acariação com a Edelvânia - avalia o advogado da mãe de Odilaine e avó de Bernardo, Marlon Taborda.
Edelvânia e Graciele estão presas na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na Região Metropolitana, acusadas de terem planejado e executado o assassinato de Bernardo. Irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, suspeito de ter aberto a cova onde a criança foi enterrada, também está preso. Edelvânia, Evandro, Graciele e Leandro vão a júri popular, ainda sem data definida, pelo homicídio do menino.
* Zero Hora