Ao abrir a porta da casa simples de madeira em um local ermo e cercado pela natureza, onde houve uma tripla tentativa de homicídio na madrugada de quinta-feira em Três Coroas, no Vale do Paranhana, a imagem é de cenário de filme de terror. Cadeiras, mesas, roupas, lençóis e utensílios misturam-se a marcas de sangue por todos os cantos da sala e dos quartos.
Foi na residência localizada quatro quilômetros dentro da Linha Café, interior da cidade, que os pais e o irmão de uma jovem de 17 anos foram atacados a golpes de machado, martelo e faca por dois homens e um adolescente por volta da 1h30min, em crime arquitetado pela própria menina, de acordo com a Polícia Civil.
Jovem confessa plano para matar a família
O que disse à polícia a jovem que planejou matar a família em Três Coroas
Apontada como mentora do ataque, a adolescente está recolhida à Fase em Novo Hamburgo. Devido à gravidade dos ferimentos, irmão dela, de 19 anos, deve ter uma perna amputada. Os pais da garota não correm risco.
- Ela (filha) sempre foi problemática. Nunca fiquei sabendo de agressões contra ela pelos pais, que são pessoas religiosas - afirma um agricultor de Três Coroas, que pediu para não ser identificado.
As manchas de sangue ficaram espalhadas em diversos móveis, no assoalho da casa e até em uma bíblia. Com frieza e sem demonstrar arrependimento, a garota confessou ao delegado Ivanir Moschen que arquitetou o assassinato dos pais e do irmão. Para isso, contou com a ajuda de um jovem de 16 anos, seu ex-namorado, e dos suspeitos Emerson Juliano Maier, 21 anos, e Eugênio Corso David, 37 anos - apontado como o atual namorado da adolescente. Todos estão detidos. Eles teriam invadido o local com capacetes, para não serem reconhecidos, e pegaram a chave da residência conforme combinado com a adolescente dias antes.
O primeiro ataque ocorreu no quarto do casal. Ao ouvir os gritos, o filho de 19 anos tentou intervir e foi esfaqueado. A mãe da menina, que não estava presente, salvou a vida do marido ao ferir um dos suspeitos com uma cadeira. Em seguida, o pai da menina e Eugênio David entraram em luta corporal. A negativa dos pais em aceitar o relacionamento teria motivado a tentativa dos crimes, conforme a polícia.
Para o delegado Ivair Moschen, a motivação da tentativa de homicídio precisa ser melhor esclarecida. Ele ficou impressionado com a frieza da adolescente. Moschen relatou que todos os envolvidos eram amigos.
- Comportamento sempre muito tranquilo (dela). Durante todo o tempo que esteve conosco, não demonstrou remorso. O que ocasionou tudo isso, em princípio, foi o conflito existente na família, mas há coisas ainda estranhas - concluiu.
* Zero Hora