Os corpos de 103 pessoas mortas nos atentados de sexta-feira à noite em Paris foram identificados, mas entre "20 e 30" vítimas ainda precisam ser identificadas, indicou neste domingo o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. Um advogado francês, uma estudante americana e uma prima de um jogador da seleção francesa estão entre as vítimas confirmadas (veja abaixo os nomes).
- Há 103 corpos identificados, mas ainda há entre 20 e 30 pessoas que não foram identificadas. Elas o serão nas próximas horas - indicou durante um encontro com as famílias das vítimas.
Noite de sábado teve ruas desertas e bares vazios em Paris
Ao menos 132 pessoas morreram nos atentados, enquanto mais de 350 ficaram feridas. Um pouco mais tarde, quando inspecionava as forças de ordem na Gare du Nord, o primeiro-ministro foi questionado por um homem que dizia não ter notícias de sua filha, que estava no Bataclan na noite do ataque, relatou um jornalista da AFP.
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- Ministro! Há dois dias não tenho notícias sobre minha filha, que estava no Bataclan. Não há ninguém que seja capaz de me dar notícias da minha filha! - exclamou este homem, enquanto Valls conversava com policiais e agentes ferroviários.
Dedo cortado identificou um dos terroristas na França
O primeiro-ministro fez-lhe um sinal para se aproximar, pedindo à imprensa que se afastasse, a fim de falar com ele em particular. Após uma rápida discussão, Valls pediu a um de seus conselheiros para anotar as coordenadas do pai, que forneceu o seu nome e o de sua filha.
Veja os nomes de algumas vítimas identificadas:
Valentin Ribet
A primeira vítima conhecida foi o advogado Valentin Ribet, 26 anos, que vivia e trabalhava em Paris e se encontrava no show de rock da banda Eagles of Death Metal na casa de espetáculos Bataclan - que concentrou a maior parte das vítimas dos atentados, com mais de 80 mortos. Ribet estudou na London School of Economics, na Inglaterra, e na Sorbonne, em Paris, e era especializado em casos envolvendo crimes de colarinho branco. A firma em que ele trabalhava, a Hogan Lovells, emitiu um comunicado lamentando sua morte: "Era um advogado talentoso, extremamente querido, e uma personalidade maravilhosa no escritório".
Nick Alexander
Segundo o jornal inglês The Guardian, o britânico Nick Alexander, 36 anos, estava trabalhando com a Eagles of Death Metal no Bataclan quando foi surpreendido pelos terroristas. Diferentemente do grupo, que estava no palco e escapou da tragédia, Alexander vendia material promocional da banda em um corredor da casa de shows quando foi alvejado. Sua família divulgou um texto em que lamenta a morte: "É com grande pesar que confirmamos que nosso amado Nick morreu no Bataclan na noite passsada. Nick não era apenas nosso irmão, filho e tio, era o melhor amigo de todo mundo - generoso, divertido e muito leal. Nick morreu fazendo o que gostava e nos confortamos em saber o quando ele era querido por seus amigos ao redor do mundo."
Aurélie de Peretti
Antes de rumar para o Bataclan, Aurélie de Peretti, 33 anos, publicou no Facebook que pretendia ir ao show do grupo Eagles of Death Metal. Por isso, quando estourou a notícia do ataque à casa noturna em que a banda se apresentava, a irmã de Aurélie, Delphine, entrou em desespero.
- Eu sabia que Aurélie estava lá - disse à revista Time.
Delphine, que mora em Londres, telefonou para a irmã, mas não obteve resposta. Viajou para Paris, onde confirmou a morte de Aurélie - que amava música e tocava violão e piano. Vivia em Saint Tropez, e havia planejado a viagem a Paris para assistir a apresentações musicais.
Nohemi Gonzalez
A estudante de design americana Nohemi Gonzalez, 23 anos, frequentava a California State University, nos EUA, mas estava fazendo um intercâmbio de um semestre em Paris, segundo uma nota emitida pela universidade americana. Ela estava em um restaurante atacado pelos extremistas.
O namorado de Nohemi, Tim Mraz, publicou um texto sobre ela no Instagram: "Era minha melhor amiga e será para sempre meu anjo. Estou sem palavras. Minhas orações vão para sua família. Uma alma luminosa e uma garota doce com um sorriso no rosto".
Guillame Decherf
O jornalista francês Guillame B. Decherf era especializado em música e estava no Bataclan acompanhando a apresentação da banda americana. Ele trabalhava para a revista Les inRocks desde 2008, segundo o site world.mic, e tinha passagens por outras publicações como Metro, Rolling Stone e Libération, conforme o perfil publicado no site LinkedIn. Colegas da revista francesa em que ele trabalhava se disseram "chocados" por sua morte e informaram que tinha duas filhas.
Informações preliminares também indicam que estariam entre as vítimas duas irmãs tunisianas, de 34 e 35 anos, que estariam comemorando o aniversário de uma amiga em Paris, e um arquiteto alemão que jantava no restaurante Petit Cambodje quando foi atacado pelos terroristas. Seus nomes, porém, não haviam sido divulgados. Extraoficialmente, cidadãos de Portugal, Suécia, Romênia, Bélgica, Turquia, Argélia e Marrocos também estariam entre os mortos - mas, na maior parte dos casos, seus nomes e idades também não haviam sido informados publicamente até a noite de sábado.
Outras vítimas:
- Djamila Houd, 41 anos, francesa. Era da região de Dreux, a Oeste de Paris. Estava em um café na Rua Charonne.
- Thomas Ayad, 34 anos, francês. Trabalhava para a Mercury Records e estava no Bataclan com dois colegas
- Três espanhois: Alberto González Garrido, 29 anos, Jorge Alonso de Celada, nascido em 1956, e Alberto Pardo Touceda, nascido em 1982.
- Asta Diakite. Sobrinha do jogador da seleção francesa de futebol Lassana Diarra, que estava jogando no momento dos atentados. Idade não divulgada.
- Mathieu Hoche. Jornalista francês da France 24 TV, estava no Bataclan. Idade não informada. Um colega informou pelo twitter que deixa um filho de seis anos.
- Três cidadãos belgas. Um casal de Liege (leste), Milko Jozic, um engenheiro de 47 anos, e Elif Dogan, 26 anos, de origem turca. Eles viviam em Paris há vários meses e foram descritos por um parente como pessoas "de grande generosidade". O terceiro é um homem de 28 anos de idade, que também tinha a nacionalidade francesa.
- Dois portugueses: Manuel Dias, 63 anos, casado e pai dois filhos, que residia em Paris e trabalhava como motorista, e Precilia Correia, 35 anos, que trabalhava em Paris.
- Dois romenos, de acordo com Bucareste. Ciprian, 32 anos, e Lacramioara, 29 anos. Eles participavam de uma festa de aniversário no restaurante La Belle Equipe e tinham um filho de 18 meses.
- Duas jovens tunisianas, irmãs que viviam em Paris e outra em Senegal. Elas estavam comemorando um aniversário, de acordo com várias fontes.
- Três chilenos estão entre as vítimas no Bataclan. Entre eles, Patricia San Martin, 55 anos, que era "sobrinha de nosso embaixador Ricardo Nunez", segundo a senadora Isabel Allende. Sua filha Elsa Delplace também foi morta, assim como outro chileno, Luis Felipe Zschoche Valle, músico profissional, de acordo com um comunicado oficial.
- Dois argelinos, uma mulher de 40 anos e um homem de 29 anos, de acordo com a agência APS, citando fontes diplomáticas argelinas.
- Um marroquino foi morto e outro foi ferido na perna, mas não corre risco de morto, de acordo com a embaixada de Marrocos em Paris.
- Duas mexicanas de nacionalidade dupla, uma americana e uma espanhola, foram mortas, segundo o México.
- Um sueco pode ter sido morto e outro ferido, segundo a diplomacia sueca. De acordo com a imprensa, a pessoa morta seria uma jovem de 20 anos.
- A Itália ainda não recebeu notícias de Valeria Solesin, uma estudante de 28 anos. Sua família anunciou a sua morte no Twitter, mas seus pais e as autoridades italianas não confirmaram.
- Um alemão, indicou Berlim, sem fornecer mais detalhes.
Confira o mapa dos ataques:
* AFP