O governo de Minas Gerais decretou nesta terça-feira situação de emergência na região da Bacia do Rio Doce e nas cidades afetados pelo rompimento da barragem da Mineradora Samarco, em Mariana, cujos donos são a Vale e a anglo-australiana BHP Billinton.
A situação de emergência vai durar pelos próximos 180 dias. A medida envolve 202 cidades mineiras. Também fazem parte da bacia outros 26 municípios do Espírito Santo. Desde o dia 5, quando houve o rompimento da barragem, uma onda de lama percorre o Rio Doce, impedindo a captação de água e prejudicando o ecossistema da região.
E nota, o governo mineiro informou que uma das principais consequências do rompimento da barragem é o comprometimento da qualidade das águas da Bacia do Rio Doce.
"De acordo com parecer apresentado pelo Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam), estima-se que a situação deve perdurar por aproximadamente 30 dias", esclareceu em nota.
O difícil recomeço de quem teve a vida soterrada em Mariana
A situação de emergência, que ainda precisa ser reconhecida pelo governo federal, permite às cidades atingidas condições especiais, entre elas a realização de compras sem o processo de licitação. Também é por meio do decreto que os municípios podem ter acesso a recursos estaduais e federais.
"Não é o caso de pedir desculpas", diz diretor da Samarco
O diretor de Operações e Infraestrutura da Samarco, Kleber Terra, afirmou que "não é o caso de pedir desculpas à população" e que "ainda não é hora de discutir os efeitos de médio e longo prazo" do rompimento da barragem.
- Estamos muito solidários e sofridos com tudo o que aconteceu. Operamos com técnicas de monitoramento de barragens que são referência, portanto, não podemos dizer que a tragédia poderia ter sido evitada - disse Terra.
A empresa prestou esclarecimentos técnicos sobre as barragens e garantiu que "não está poupando recursos" para investigar as causas do rompimento e para monitorar, por meio de radares e drones, o risco de rompimento da barragem de Santarém, que apresenta uma erosão em sua estrutura e tem margem de segurança de 1,37, quando o recomendado é de, no mínimo, 1,50.
A barragem de Germano, a mais antiga, que está seca, tem índice de 1,22, o que caracteriza uma "condição adversa".
O engenheiro civil geotécnico da Samarco, José Bernardo Vasconcelos, admitiu que a chuva forte que cai sobre Mariana nesta terça-feira é prejudicial, pois pode aumentar a erosão.
Os representantes da empresa explicaram que, diferentemente do que havia sido em princípio anunciado, a única barragem que rompeu foi a de Fundão. Dos 55 milhões de metros cúbicos de rejeitos, 40 milhões desceram, erodindo Santarém.
* Zero Hora com agências