O drama de pelo menos 4,7 mil clientes da AES Sul em Santa Maria, que completam nesta terça-feira o quinto dia sem luz, já gera desespero, e com razão. Desespero que é demonstrado em inúmeros protestos de moradores, que bloqueiam ruas e estradas. Claro que o temporal foi muito forte, com rajadas de 134km/h e que a AES Sul garante que tem feito todo o possível para religar a luz, mas quem sofre na pele cinco dias sem luz perde mesmo a paciência.
As agências de fiscalização estão acompanhando o assunto e dizem que investigarão se a AES está mesmo fazendo tudo o que poderia. Segundo a agência gaúcha de regulação dos serviços delegados (Agergs), a AES já foi multada em R$ 2,6 milhões por não cumprir com os prazos de religação da energia nos temporais ocorridos entre 1º de dezembro de 2013 e 11 de fevereiro de 2014., enquanto a CEEE teve multa de R$ 5,7 milhões, e a RGE, de R$ 71 mil.
Já a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) multou a AES Sul em R$ 16,5 milhões nos últimos cinco anos e diz que a concessionária ainda teve de ressarcir os clientes em R$ 15,5 milhões em 2014 e em R$ 7,6 milhões até julho deste ano - esse ressarcimento é pago quando a empresa leva mais tempo para religar a luz do que a meta estabelecida.
No caso de dias críticos, com temporais, a AES deveria religar a luz em até 12,2 horas na área urbana e em 16,6 horas na zona rural. Se o cliente ficou sem energia além disso, receberá um ressarcimento proporcional na conta, que virá em dezembro.
Segundo o diretor de energia elétrica da Agergs, Nilton Telichevesky, a agência está acompanhando de perto o caso atual e pode abrir uma fiscalização específica, além da fiscalização bianual que já é feita na qualidade dos serviços da AES. Ele disse que o fato de ser um vendaval muito forte também pesará na avaliação.
Já a AES Sul diz que não havia mais mão de obra disponível para ser contratada e que há mais de 1,5 mil trabalhadores consertando as redes em várias cidades. Só em Santa Maria, são 150 pessoas. O número de equipes passou de 34, no domingo, para 48 ontem, pois vieram para Santa Maria profissionais de outras cidades. A empresa também informou que, por questão de segurança, os funcionários têm um limite diário de horas de trabalho, pois não podem trabalhar extenuados, pois podem aumentar os riscos de acidentes graves.
A AES disse ainda que, até 2013, sempre esteve com índices de restabelecimento da energia, até abaixo do limite máximo estipulado, mas que em função de 98 temporais ocorridos em 2014, os índices pioraram.