Em depoimento na Operação Lava-Jato, o doleiro Alberto Youssef afirmou que entregou R$ 70 mil diretamente para o deputado federal José Otávio Germano (PP-RS). Conforme o delator, o político gaúcho teria sido visto duas ou três vezes recebendo dinheiro obtido do esquema de corrupção na Petrobras na residência do ex-deputado João Pizzolatti (PP-SC), que também é investigado no caso.
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Prestado em 1º de julho de 2015 na sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, o depoimento de Youssef foi anexado ao inquérito 3989, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e investiga 39 pessoas, entre elas José Otávio e outros cinco colegas do PP-RS: Afonso Hamm, Jerônimo Goergen, Luis Carlos Heinze, Renato Molling e Vilson Covatti. Os gaúchos são suspeitos de receber mesada financiada com recursos desviados da Diretoria de Abastecimento da Petrobras, na gestão de Paulo Roberto Costa. Todos negam as acusações.
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Além de afirmar que entregou R$ 70 mil para José Otávio, o doleiro disse que operacionalizou uma doação de R$ 200 mil da construtora Queiroz Galvão para a campanha do parlamentar gaúcho em 2010. Youssef relata que conseguiu a doação a pedido de lideranças do PP, como o ex-ministro das cidades Mário Negromonte (BA), o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PE) e o deputado Nelson Meurer (PR).
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O advogado de José Otávio, Marcelo Bessa, afirmou que o deputado desconhece qualquer interferência de Youssef na doação da Queiroz Galvão, que foi feita dentro da lei e está na prestação de contas da campanha de 2010.
- José Otávio jamais esteve com ele (Youssef) na casa de Pizzolatti ou em casa de quem quer que seja, muito menos recebeu dinheiro da mão dele - completou.
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No depoimento, Youssef também falou sobre os demais políticos gaúchos do PP que são investigados pela suspeita de recebimento de mesada financiada pelo esquema na Petrobras, cujos valores variariam de R$ 30 mil a R$ 150 mil de acordo com a posição de cada político dentro do partido. Os seis parlamentares refutam a acusação de recebimento de mensalinho.
O doleiro disse que sabia da participação de Goergen, Hamm, Heinze, Molling e Covatti porque seus nomes foram mencionados em diversas reuniões que discutiam os parlamentares que se beneficiariam do rateio da mesada. Contudo, Youssef falou que nunca entregou ou determinou a entrega de valores para os cinco gaúchos e que nunca os viu no apartamento de Pizzolatti ou em outro local de entrega da propina. Youssef ainda disse que as lideranças do PP se referiam a Molling como "alguém que costumava pedir mais valores, além daqueles que recebia".
Em requerimento enviado ao STF, a Polícia Federal solicitou mais 80 dias para finalizar as investigações do inquérito 3989, pedido que será avaliado pelo ministro relator do caso, Teori Zavascki, após a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Até o momento, não há conclusão sobre a participação ou não dos gaúchos no caso. No relatório, a polícia dividiu os deputados investigados pela suspeita de receber mesada em dois grupos: os que Youssef sabia por ele próprio do envolvimento e os que ele "ouviu dizer" que participavam.
Entre os políticos que o doleiro diz ter conhecimento do envolvimento, com indícios mais consistentes, figuram José Otávio e Covatti. Na relação de deputados que o delator ouvir dizer que participavam, aparecem Goergen, Heinze, Molling e Hamm. O relatório afirma que "os fatos narrados contra esses investigados não permitem, no momento, dentro da linha investigativa adota e acima exposta, firmar um juízo de conclusão ou exclusão de suas participações".
Abaixo, veja o que já ocorreu durante as investigações:
Os fatos que marcaram a operação: