O enredo revelado pela imprensa oficial chinesa a respeito da empresa proprietária do depósito que explodiu no dia 12, em Tianjin, é surpreendente. Um dos donos da firma é o filho de um ex-chefe do porto local. Outro é um ex-executivo da indústria química estatal. Ambos escondiam sua participação no negócio por meio de laranjas.
A empresa teria infringido a legislação ao instalar o depósito a menos de mil metros de uma estação de trem e de prédios públicos. Pelo menos 10 diretores da companhia que detinha o controle do depósito estão sendo interrogados pela polícia por suspeita de "falsa propriedade".
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Shexuan Dong, 34 anos, filho do ex-chefe de polícia, reconheceu ter usado influência política para obter licenças e driblar inspeções, afirmando que suas conexões "estão na polícia e nos bombeiros". Uma investigação por corrupção foi aberta contra o responsável local pela segurança do trabalho.
O sentimento de ultraje é tão disseminado entre a população de Tianjin que dirigentes locais do Partido Comunista tiveram de se reunir com moradores, de quem ouviram o desafio "Comprem!", em referência aos apartamentos destruídos. O grande número de mortos na explosão (114, pela contagem mais recente) e o impacto ambiental do incêndio podem levar o ódio a se voltar contra as autoridades do governo central.
Olhar Global
Luiz Antônio Araujo: sob as cinzas de Tianjin
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Luiz Antônio Araujo
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