Casado com uma moçambicana, o secretário de Estado americano, John Kerry, leu em espanhol com sotaque português os trechos do discurso proferido ontem na cerimônia de hasteamento da "Old Glory" (apelido da bandeira dos EUA) na embaixada em Havana.
Foi em inglês, porém, que ressaltou o contraste entre as inimizades que separaram seu país de dois ex-inimigos, Vietnã e Cuba. No primeiro caso, lembrou, uma guerra que deixou incontáveis cicatrizes "no corpo e na mente" (Kerry é veterano do Vietnã) foi seguida por décadas de recolhimento mútuo e, finalmente, de reaproximação.
"E durante todo esse tempo, em meio à reconciliação, em meio à normalização, as relações cubano- americanas permaneceram encerradas no passado", concluiu.
Na mesma cidade em que foi publicado o apelo de Ernesto Che Guevara a que se fizessem " dois, três, muitos Vietnãs", um representante da diplomacia americana convidou ontem Cuba a se mirar no exemplo do sudeste asiático. Passado quase meio século, a ilha caribenha está prestes a se transformar em um Vietnã num sentido jamais imaginado pelo Che.