Não fazemos ideia da primeira vez em que um ser humano foi executado por um drone, há controvérsias sobre a quem coube a primazia no uso de armas químicas numa guerra, mas a explosão da primeira bomba atômica ainda é notícia passados 70 anos do bombardeio de Hiroshima. Como outros tantos episódios, esse também foi sendo relido ao longo das décadas.
Durante a Guerra Fria, quando a possibilidade de uma guerra nuclear entre Estados Unidos e União Soviética ainda assombrava a humanidade, uma boa parte dos documentários sobre a bomba enfatizava os detalhes da operação, o treinamento da tripulação do Enola Gay e como haviam reagido ao que fizeram.
Mundo recorda em Hiroshima os 70 anos do primeiro bombardeio nuclear
Não poderia haver maior contraste com as lembranças suscitadas ao longo da última semana e que culminaram ontem com solenidades em Hiroshima. O foco, na imprensa americana e europeia, passou às vítimas, incluindo os sobreviventes.
Da parte dos responsáveis pela bomba, mereceram menção as dúvidas hamletianas do físico Robert Oppenheimer a respeito dos objetivos do Projeto Manhattan - algo que, há 30 anos, mal merecia registro. A ironia é que os japoneses passaram ao primeiro plano justamente no momento em que o país se prepara para voltar a aspirar a um papel militar ativo no Sudeste Asiático.
Olhar Global
Luiz Antônio Araujo: Hiroshima
Leia a coluna Olhar Global desta sexta-feira em ZH
Luiz Antônio Araujo
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