Duas lideranças experientes, ambas com mais de três décadas de atuação no movimento sindical, tiveram papel decisivo na aprovacão da greve do funcionalismo. Nesta terça, mais de 40 categorias decidiram paralisar suas atividades por três dias, em uma assembleia geral unificada, no Largo Glênio Peres, na Capital.
A ação considerada inédita foi resultado de quatro meses de articulações encabeçadas pelos presidentes da Federação Sindical dos Servidores Públicos (Fessergs), Sérgio Arnoud, e do Cpers/Sindicato, Helenir Aguiar Schürer. Para construir a unidade, foram dezenas de reuniões, seminários e plenárias regionais realizadas desde abril, além de constantes trocas de mensagens no WhatsApp entre os integrantes da coordenação do grupo - chamado de Movimento Unificado dos Servidores Públicos.
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No comando da Fessergs desde 1994, Arnoud começou a "terça-feira histórica" participando da abertura da assembleia do Cpers. Ao longo do dia, manteve contato com Helenir por telefone. Depois, participou de outras três assembleias de sindicatos filiados à federação e, no início da tarde, acompanhou - do alto de um carro de som - a caminhada de servidores da segurança rumo ao Largo Glênio Peres, onde ocorreu o ato conjunto . Na assembleia unificada, o dirigente avaliou a estratégia adotada pelas entidades.
- No início de abril, tomamos a decisão, que hoje se mostra acertada, de costurar essa unidade entre todos os segmentos do funcionalismo. Hoje, essa união faz lembrar o comício das Diretas. Nunca antes tivemos um público tão grande e tão participativo. Não vamos admitir o apequenamento do Estado - bradou, arrancando aplausos dos milhares de servidores.
Eleita presidente do Cpers no ano passado, Helenir encerrou a assembleia da categoria, pouco antes do meio-dia, bastante emocionada. Vibrou com o resultado, que considerou uma vitória. É que o grupo de oposição queria aprovar greve por tempo indeterminado, mas a proposta da direção, dos três dias, obteve apoio da maioria dos professores que lotaram o Gigantinho. Sobre a articulação com os demais sindicatos e federações, em especial a Fessergs, ela afirmou:
- A gente não consegue entender fazer uma luta, quando tu sofres o mesmo ataque, separada. Estamos no caminho certo e não podemos retroceder.
Após a assembleia dos professores, Helenir fez questão de percorrer a pé alguns quilômetros, entre o Gigantinho e o Mercado Publico, puxando a caminhada do magistério. Mais tarde, no Largo, voltou a encontrar Arnoud e as demais lideranças no alto de um carro de som. De lá, subiu o tom e mandou um recado para o Piratini:
- Estamos mostrando com quem Sartori se meteu, e essa categoria vai saber dar a resposta porque ela sabe fazer o Rio Grande acontecer. O senhor usurpou o nome do nosso Estado para fazer sua campanha, escondendo que queria, sim, privatizar, diminuir o Estado, penalizar os servidores.