Nos primeiros seis meses deste ano, a Brigada Militar (BM) efetuou 65.040 prisões no Estado. Foram 6.887 a menos em relação ao primeiro semestre de 2014 - número equivalente a 22% do total da população carcerária gaúcha. Na contramão, foram recuperados mais veículos e apreendidas mais armas.
Para a corporação, o encolhimento nas detenções ocorre porque há menos policiais nas ruas - o total do efetivo não é divulgado, mas a queda no número de PMs nos últimos anos não chega a 10%, segundo o Comando-Geral. O histórico déficit fez com que a produtividade individual dos brigadianos aumentasse.
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- Nos últimos dois anos, tivemos uma defasagem de efetivo. Assim, temos de trabalhar com a produtividade individual e, em praticamente todos os indicadores, ela foi positiva. Ou seja, o homem, nesse ano, está mais proativo nas ruas do que no ano passado - avalia o subcomandante da BM, coronel Paulo Stocker.
Os dados exaltados pelo subcomandante apontam que, em média, cada brigadiano do policiamento ostensivo efetuou 0,69 das 12,4 mil prisões em flagrante do primeiro semestre de 2015, o que representa um aumento de mais de 10% na produtividade individual em dois anos. A alta na produtividade é contestada pelo presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Brigada Militar (Abamf), Leonel Lucas:
- O governo diminuiu o custeio da BM. Reduziu as diárias, as horas extras e o custeio da gasolina. Tudo isso impacta na redução de prisões. As condições de trabalho estão péssimas.
Para Stocker, a queda nas detenções não tem relação com as medidas de contenção de gastos adotadas, ainda em janeiro, pelo governador José Ivo Sartori. Segundo ele, o corte de horas extras, por exemplo, retira dois a cada cem homens do policiamento ostensivo - o que seria "imperceptível para uma pessoa na rua".
Mesmo com o déficit de policiais e apesar da diminuição nas prisões, a BM recuperou mais veículos e apreendeu mais armas entre janeiro e junho de 2015 do que no mesmo período dos últimos dois anos (confira os dados completos abaixo). Zero Hora contatou a Secretaria da Segurança Pública do Estado, que sugeriu o contato com a BM.
* Zero Hora