Cinco deputados e um ex-deputado do PP-RS estão na lista de Janot
MPF faz primeira denúncia contra políticos envolvidos na Lava-Jato
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Em um depoimento de 58 minutos, diante de um procurador e de um promotor, o deputado José Otávio Germano (PP-RS) rebateu as suspeitas de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.
Germano disse que não era "amigo nem inimigo" do ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, e que não conhecia o doleiro Alberto Youssef. Ainda negou ter recebido mesada ou entregue R$ 200 mil a Paulo Roberto.
Citado pelos delatores, o gaúcho consta em dois inquéritos decorrentes da Operação Lava-Jato que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF). Em 14 de maio, na Procuradoria-Geral da República (PGR), José Otávio deu sua versão dos fatos investigados em um depoimento gravado, ao qual Zero Hora teve acesso.
Confira, em vídeo, alguns trechos
Paulo Roberto e Alberto Youssef
José Otávio relatou que conheceu Paulo Roberto em 2007, quando presidia a Comissão de Minas e Energia da Câmara, e o então diretor de Abastecimento da Petrobras debateu na Câmara o modelo petroquímico do país. O deputado admitiu que esteve com Paulo Roberto na estatal para tratar de "questões institucionais" - patrocínio para Feira Nacional do Arroz, em Cachoeira do Sul, uma base de distribuição de gás no Estado e importação de gasolina teriam entrado na pauta. Sobre Youssef, negou conhecer o doleiro.
Doações de campanha
Youssef citou José Otávio em um grupo de parlamentares do PP que teria recebido de empresas recursos do esquema da Petrobras como doações oficiais de campanha. Uma das empreiteiras seria a Queiroz Galvão, que repassou R$ 200 mil ao gaúcho em 2010. Ele creditou o aporte ao então presidente do PP, Francisco Dornelles.
- Não conheço ninguém da Queiroz Galvão, não sei nada da Queiroz Galvão, absolutamente nada. O senador Francisco Dornelles me ligou e me disse "José Otávio, o partido conseguiu aqui através das ações partidárias uma doação da empresa Queiroz Galvão".
Jantar e entrega de Rolex a Paulo Roberto
O deputado alegou que não participou do jantar oferecido pelo PP a Paulo Roberto. Preferiu olhar um jogo de futebol. Na confraternização, realizada entre 2010 e 2011 em um restaurante de Brasília, o delator recebeu um Rolex por ser o "homem do partido na Petrobras". Segundo José Otávio, a bancada foi convidada para o jantar e sabia da presença do diretor. O gaúcho relatou que é muito ligado ao futebol e citou seu passado na diretoria do Grêmio.
- Prefiro ver um jogo de futebol de que ir nesses jantares, que são muito chatos.
Mesada dos deputados do PP
José Otávio classificou como "mentira" a afirmação de Youssef, que o colocou na lista de deputados que receberiam mesada financiada por comissões que empreiteiras pagavam ao PP com base nos valores de contratos na Petrobras. Investigada em um inquérito no Supremo Tribunal Federal, a suspeita também envolve outros cinco nomes do PP-RS.
- Nunca estive com ele para receber ou dar, ou qualquer situação que envolvesse eu com ele, dinheiro ou qualquer outra coisa. É uma tremenda de uma mentira.
Lobby em favor da Fidens Engenharia
José Otávio refutou ter feito lobby em favor da empreiteira mineira Fidens na Petrobras. Ele é investigado em inquérito ao lado de Luiz Fernando Faria (PP-MG), seu colega e amigo, pela suspeita de intermediar um repasse de R$ 200 mil da construtora a Paulo Roberto. O contato da empresa seria Faria, deputado por Minas Gerais.
- Se o senhor (procurador) perguntar para mim: Zé Otávio, essa empresa financiou a tua campanha? Não! Essa empresa te deu algum dinheiro? Não! Tu sabe onde ela fica? Não! Tu sabe quem é o dono dela? Não! Não, não e não!
Segundo José Otávio, Faria encontrou em Brasília um executivo da Fidens, Rodrigo Alvarenga Franco, que citou eventual boicote na Petrobras. Pelo relato, por volta de 2009 o executivo acompanhou os deputados até a estatal, no Rio de Janeiro, e aguardou na sala de espera enquanto eles tratavam de assuntos de seus Estados com Paulo Roberto. Após, o executivo foi apresentado ao diretor e falou sobre a Fidens.
Entrega de R$ 200 mil a Paulo Roberto em hotel
José Otávio destacou que "nunca" entregou R$ 200 mil a Paulo Roberto em um quarto do hotel Fasano, no Rio de Janeiro. O parlamentar definiu a acusação como "um negócio muito estranho". Aos investigadores, ele lembrou que o ex-diretor disse em depoimento que a empresa não foi beneficiada na Petrobras e que ele não solicitou a propina.
- Ele não pediu, a empresa não pediu, a empresa não deu..
O parlamentar negou ter ouvido o amigo Luiz Fernando Faria comentar algum repasse a Paulo Roberto, que não apontou na delação o destino dos R$ 200 mil. José Otávio admitiu que já se hospedou no Fasano "algumas vezes" - seriam pelo menos quatro, duas com a família. Em 1º de setembro de 2010, ele e Faria ficaram em quartos separados do hotel.
- Nós fomos ao Instituto Brasileiro da Siderurgia pedir auxílio para campanha de 2010.